domingo, 30 de novembro de 2008

WhoMadeWho, "Shake Your Boat"



O preto e o branco, o quase zero, pouco mais que silêncio. E sublime.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Friendly Fires, "Paris"



É uma música fadada para os tops e para as listas de fim-de-ano esta que fazem os Friendly Fires. Nenhum mal nisso. Nunca a arte ganhou com a confidencialidade.

Peven Everett, "Always Love You"



É um momento raro por aqui. Uma foto estática sobre a qual corre a música. Mas "Always Love You" é a grande canção romântica de dois mil e oito e não se pode adiar mais a divulgação dessa notícia.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Santogold, "Lights Out"



Com frequência interrogamo-nos como é possível que todos os anos se continue a criar canções Pop ainda capazes de surpreender, com a força que é preciso para arrancar uma vertigem, ou uma violenta convulsão de um corpo impreparado, mesmo quando isso é inoportuno. Em "Santogold", o disco maravilha vindo de Brooklyn, que muitos dizem que mimetiza e nós dizemos que ultrapassa M.I.A., isso sucede vezes sem conta. Não é uma festa, é um festival.

Sébastien Tellier, "L'Amour et la Violence"



Passou pela Eurovisão e não se manchou. Fez em seguida o álbum "Sexuality" e marcou por meses o panorama Pop internacional. É talvez porque Sébastien Tellier traz consigo uma carga romântica que a música popular nunca pôde dispensar.

domingo, 23 de novembro de 2008

o mundo fabuloso mas enigmático de Arthur Russell




Acaba de ser editado material esquecido ou inédito de Arthur Russell, no álbum "Love Is Overtaking Me". Desde dois mil e quatro que tem sido assim. Todos os anos Arthur Russell ressurge mais forte, mais magnético, mais soberbo. É a famosa história de se ser brilhante fora do seu tempo, bem antes dele. Há vinte anos nenhum de nós saberiamos compreendê-lo e quase todos o desconheciamos. Hoje, já morto, revive pelo que fez e ninguém lhe poderá bater palmas.

sábado, 22 de novembro de 2008

Kraak & Smaak, "Squeeze Me"



Há clássicos por aí, agora? Há por exemplo este "Squeeze Me". Um super-clássico, ponto final.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Deerhunter, "Agoraphobia"



Para ouvidos duros como os meus as canções demoram a entrar. Mesmo as melhores. Ao contrário, canções medianas entram por vezes bem rápido e depois esvanecem-se ao fim de dez audições.
Achei "Agoraphobia" uma grande canção logo desde a primeira audição. E creio que desta vez será diferente. Ao fim de cem audições continuará a ser uma belíssima canção, das melhores de dois mil e oito.

the Supremes, "There's A Place For Us"



Mais tarde, Tom Waits viria a imortalizar esta pequena peça de joalharia, conferindo-lhe a refinação e o toque de modernidade de que mesmo as grandes canções por vezes precisam.
Só que o original é um puro exercício de melodismo e requinte, revelando bem quão alto sabiam ir as Supremes de Diana Ross no apelo à emoção. Soberbo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

a simpatia do "Cotonete"


O Diversus talvez não o merecesse, mas o facto é que o "Cotonete" foi bastante simpático, achando que este nosso espaço banal merecia destaque junto de comunidades muito mais vastas. E logo por uma semana!
Não temos (eu e o ZEFM, co-autor menos assíduo, que o Helder se esqueceu de referir) a capacidade de retribuir ao mesmo nível, como quem dá e recebe uma prenda de Natal.
Mas podemos, isso sim, agradecer a gentileza e aproveitar para chamar a atenção dos seguidores desta espécie de cinemática musical que fazemos aqui para o lugar de real referência do ciber-espaço de alcance musical em português que é hoje o "Cotonete", coisa grande e em visível crescimento, no género Praça da Figueira a transformar-se em Rossio.
Desta pequenina travessa sem grandes pretensões culturais que somos fica pois um obrigado, sobretudo ao incansável Helder Gomes.

V

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Lightspeed Champion, "Tell Me What It's Worth"



Meses atrás a grande sala Suggia da Casa da Música não aconhegou com suficiente justiça este som tão vivo de Lightspeed Champion. É pois ainda em disco que ficam as suas melhores memórias, a de um dos mais vibrantes e refrescantes rasgos Pop de dois mil e oito.

Nina Simone, "Take Care of Business" (Pilooski edit)



O homem cujo cartão de visita será por muito tempo o virtuoso revisionismo do clássico "Beggin'" de Frankie Valli, vale muito mais que isso, conquanto "isso" fosse já muito.
Dois mil e oito é o ano da edição do segundo volume dos seus sempre magníficos "Dirty Edits", e Pilooski (na verdade, le citoyen français monsieur Cédric Marszewski) é já um dos maiores da arte do remix, tendo-se afirmado no difícil jogo de "mexer subtil, sem estragar" ... demasiado. Claro que Nina Simone já cá não está para discordar, mas que venha daí o primeiro que diga que este re-edit não está muito mais apresentável que o original.
A encontrar numa das já clássicas variações da Verve, o Remixed vol. 4.

"Verses", de John Cale, uma canção do berço

Contei aqui a história logo no primeiro escrito.
Em Setembro de dois mil e três eram algumas as hipóteses de nome para o lugar onde partilhar gostos e interesses.
Como habitualmente sucede, a música sustentava a tentativa de obra, e naquele momento era o tempo da primeira formatação. E o que rodava no velhinho ONKYO era esta cançoneta daquele mesmo ano, "Verses", metida num álbum pequenino com apenas cinco cançonetas do galês John Cale (habitué central da minha vida desde mil novecentos e sessenta e sete, mesmo quando eu não o sabia ainda).
Verses, Verses, Diversus, foi então o processo, uma variação arriscada por inspiração directa desta canção, entre o lirismo e a aspereza de quem quer, de quem ama, de quem sofre e guerreia se preciso for até aos limites da vida nos campos de batalha, sem nunca conceder a derrota.

V

Verses - John Cale

domingo, 16 de novembro de 2008

outras listas para a descoberta da melhor música popular








Cem grandes discos na cronografia do Diversus (actualização 2008)


Frank Sinatra, In the wee small hours, 1955
Charles Mingus, Pithecantropus Erectus, 1956
Billie Holiday, Lady In Satin, 1958
Miles Davis, Kind Of Blue, 1959
Kenny Burrell, Midnight Blue, 1963
John Coltrane, A Love Supreme, 1964
the Doors, The Doors, 1967
Tim Buckley, Goodbye And Hello, 1967
Velvet Underground, Andy Warhol's Velvet Underground Featuring Nico, 1967
Fairport Convention, What We Did On Our Holidays, 1968
Velvet Underground, The Velvet Underground, 1968
Canned Heat & John Lee Hooker, Hooker'n'Heat, 1970
Curtis Mayfield, Curtis, 1970
Marvin Gaye, What's Going On, 1971
T. Rex, The Slider, 1972
John Cale, Paris 1919, 1973
Tom Waits, Closing Time, 1973
Robert Wyatt, Rock Bottom, 1974
Gavin Bryars + Christopher Hobbs + John Adams, Ensemble Pieces, 1975
Victor Jara, Canciones Postumas/Canto Libre, 1975
Television, Marquee Moon, 1977
Jam, All Mod Cons, 1978
B-52's, The B 52's, 1979

Clash, London Calling, 1979
Gang Of Four, Entertainment, 1979
Linton Kwesy Johnson, Forces Of Victory, 1979
Pretenders, The Pretenders, 1979
The Specials, The Specials, 1979
David Bowie, Scary Monsters, 1980
Clash, Sandinista, 1980
Dexys Midnight Runners, Searching For The Young Soul Rebels, 1980
Dirty Looks, Dirty Looks, 1980
Echo & The Bunnymen, Crocodiles, 1980
Feelies, Crazy Rhythms, 1980
Monochrome Set, Love Zombies, 1980
Talking Heads, Remain In Light, 1980
The Specials, More Specials, 1980
Ub 40, Signing Off, 1980
Young Marble Giants, Colossal Youth, 1980
A Certain Ratio, To Each.., 1981
Bill Evans, You Must Believe In Spring, 1981
Gun Club, Fire Of Love, 1981
John Cale, Honi Soit, 1981
A Certain Ratio, Sextet, 1982
Db's, Repercussion, 1982
John Cale, Music For A New Society, 1982
Astor Piazolla, Adios Noniño(Vol. 1), 1983
R.E.M., Murmur, 1983
Tom Waits, Swordfishtrombones, 1983
Virginia Astley, From Gardens Where We Feel Secure, 1983
David Sylvian, Brilliant Trees, 1984
Special Aka, In The Studio, 1984
David Byrne, Music For The Knee Plays, 1985
Lloyd Cole, Easy Pieces, 1985
Microdisney, The Clock Comes Down The Stairs, 1985
Prefab Sprout, Steve Mcqueen, 1985
the Smiths, The Queen Is Dead, 1986
Vários, Le Mystère Des Voix Bulgares, 1986
Salif Keita, Soro, 1987
Youssou N'Dour, Immigrés, 1988
De La Soul, 3 Feet High And Rising, 1989
Brian Eno + John Cale, Wrong Way Up, 1990

Massive Attack, Blue Lines, 1991
Disposable Heroes Of Hiphoprisy, Hypocrisy Is The Greatest Luxury, 1992
Xtc, Nonsvch, 1992
Morphine, Cure For Pain, 1993
Goldie , Timeless, 1995
Lambchop, How I Quit Smoking, 1995
Rockers Hi-Fi, Rockers To Rockers, 1995
Tricky, Maxinquaye, 1995
Nusrat Fateh Ali Khan, Night Song, 1996
Etienne De Crecy Présente, Super Discount, 1997
Munadjat Yulchieva & Ensemble Shavkat Mirzaev, A Haunting Voice, 1997
Thievery Corporation, Sounds From The Thievery Hi-Fi, 1997
Cinematic Orchestra, Motion, 1999
Extended Spirits, Solid Water, 1999
Nicky Skopelitis e Raoul Björkenheim, Revelator, 1999
Dzihan & Kamien, Freaks & Icons, 2000
Jaffa, Elevator, 2000
Two Banks Of Four, City Watching, 2000
Domenico Ferrari, Commute, 2002
Deyampert, Shapes & Colors, 2003
Forss, Soulhack, 2003
Madlib, Shades Of Blue, 2003
Paul St. Hilaire, Unspecified, 2003
Hird, Moving On, 2004
Moodymann, Black Mahogani I/II, 2004
Fat Freddys Drop, Based On A True Story, 2005
Isolée, We Are Monster, 2005
Lindstrom & Prins Thomas, Lindstrom & Prins Thomas, 2005
Sofa Surfers, Sofa Surfers, 2005
Arthur Russell, First thought, best thought, 2006
Fujiya & Miyagi, Transparent things, 2006
In Flagranti, Wronger than anyone else, 2006
Nathan Fake, Drowning in a sea of love, 2006
Owusu & Hannibal, Living with..., 2006
Steve "The Scotsman" Harvey, The everyday people project vol. 1, 2006
Burial, Untrue, 2007
Kalabrese, Rumpelzirkus, 2007
Peven Everett, Power Soul, 2007
Peven Everett, Sincerely yours ..., 2008

sábado, 15 de novembro de 2008

o mistério do prazer em "Les Anges Exterminateurs"






A história deste filme de 2006 é a tentativa de um realizador encontrar nos corpos e nos rostos de actrizes amadoras a verdadeira expressão do prazer.
Vai com esse desígnio destruir tudo à sua volta, num jogo de limites em que também ele entra numa dança de vida e morte que são vizinhas do prazer, do amor e do sexo.
É um filme mal cotado, aliás nem isso, medianamente cotado.
Mas há algo nele que seduz. Não é pelo papel de Frédéric Van Den Driessche como François, na verdade sempre mediano. Não é pela sedução dos corpos fantásticos que o atravessam. Ainda menos será pela fantasiosa presença de dois anjos femininos, enviados para presenciar a sua morte anunciada, pequeno pedaço de ficção falhado.
O prazer que como espectador senti neste filme estará no objecto mesmo da história, no jogo dos prazeres, na devassa perigosa do seu mistério, na loucura que o amor pode envolver quando levado aos seus limies.
Jean-Claude Brisseau não dirigiu imaculadamente "Les Anges Exterminateurs", mas a história vive para lá do resultado fílmico. E é este um dos mais estranhos filmes que se pode ver, muito europeu, muito para lá da representação, muito plástico em sentido próprio.

V

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Malcolm McLaren e a festa: "Double Dutch"

apresentação dos the VLA: "Happiness" e "When I Am Through With You"



Autores da canção de arranque de "Damages/Sem Escrúpulos", a grande série das segundas-feiras do AXN, os VLA quase inexistem na rede global. E no entanto têm tudo o que costuma ser necessário ao êxito. Aqui no Diversus esse é um resultado já garantido.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Isaac Hayes, "Walk on By" (original de Burt Bacharach)



O encontro com novos autores (mesmo que com uma produção já com quarenta anos, serão sempre novos quando os descobrimos) proporciona por vezes ocasiões como esta, em que o descobridor é às tantas um mineiro. Surge primeiro uma pepita. Depois vem outra e outra e ainda mais uma, e se há sorte o resultado final é um filão.
Assim nos vem aparecendo Isaac Hayes, na semana da descoberta de "Shaft".

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

à espera do documental de Werner Herzog, "Encounters at the End of the World"



Werner Herzog é um cineasta dos limites, os da condição humana que filma e, por vezes, os dos seus espectadores, frequentemente no limite da capacidade de resistência à sistemática muito alemã do autor.
Herzog quis desta vez superar a ficção e foi fazer tudo com ainda mais realismo, lá na Antárctida, onde os humanos interagem no limite da sobrevivência.
Consta que é um dos grandes documentais do ano.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

Grace Jones, "Corporate Cannibal"



Há regressos por que não se espera, como o da diva negra, Grace Jones. Talvez se aplique aqui a paráfrase do que diz o povo, que "enquanto há voz há esperança".
Um dos regressos do ano, talvez com o de Al Green.

Terry Callier, "Dancing Girl"

sábado, 8 de novembro de 2008

Fujiya & Miyagi, "Knickerbocker"



(saborosa versão ao vivo, na televisão irlandesa)

Peven Everett, "Street Walker"



Por vezes, ouvindo Peven Everett, julgamos que Stevie Wonder poderia ter chegado também aqui, a este ponto em que a arte Soul se cruza com a joalharia. Mas não. Peven Everett faz lembrar um Stevie Wonder que nunca chegámos a conhecer.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Stereolab, "Neon Beanbag"



Ou a redescoberta da alegria original, à la Comateens de "Ghosts".

Guru Jazzmatazz, ontem no Casino de Lisboa


Para não desperdiçar palavras, Guru Jazzmatazz trouxe ontem a Lisboa um concerto desnecessário, onde o Jazz vitaminado das origens de "Jazzmatazz vol. 1" se viu derrotado por um hip-hop de terceira linha.
Como se o património original tivesse sido sujeito a um "take-over" hostil. Um caso perdido.

domingo, 2 de novembro de 2008

para celebrar o génio absoluto de Miles Davis


O Jazz fez a súmula das músicas negras que dele foram precursoras e foi o Jazz o verdadeiro apogeu da música popular do século XX.
Foi Miles Davis quem mais fortemente impulsionou o Jazz para lá do virtuosismo, rebentando com as noções eruditas que tantos músicos vitimaram e transportando-o para uma nova dimensão, que por conveniência chamariamos Pop.
Em Miles Davis, e sobretudo com "Kind of Blue", o Jazz inscreveu-se no futuro da música popular como sua referência maior.
Quase 50 anos depois (as gravações de "Kind of Blue" começaram em Março de 1959), o mercado internacional vê surgir uma edição riquíssima, que junta numa magnífica caixa azul a reprodução do vinil original, a transposição para CD e DVD, posters e ainda um livro com bastas fotos e notas sobre tudo o que rodeou esta obra-prima do Jazz que é também obra-prima da música popular.
É um momento sublime do panorama editorial internacional.

Friendly Fires, "Jump In The Pool"



Pop muito Pop, a dos Friendly Fires.