quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

1979, Gang of Four, de "Entertainment"

Na véspera da grande explosão cultural de 1980, som de ruptura e prenúncio de boas novas em 1979 foi este, em sintonia com outros impactos de grande magnitude, proporcionados também por The Clash, Linton Kwesy Johnson ou The Specials.

1978, os Suicide, de Alan Vega e Martin Rev

Em 1978 a revolução era o Punk britânico, mas era muito mais o que aparecia em segundo ou até terceiro plano do conhecimento dos melómanos. Este alucinante "Ghost Rider" é o que de melhor se encontra em video para o ilustrar.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

1977, Television, "Marquee Moon"

Este é um daqueles anos em que se poderia falar de muita coisa, do primeiro dos Clash, mais um grande disco de Marley, dos Congos, etc.
Mas houve também "Marquee Moon" e isso basta para resolver a dúvida de qual foi o melhor som que se ouviu em 1977.
Um Pop Rock ácido, mas encantador, até doce.

1976, Parliament, do álbum "Mothership Connection"

Há um homem que levou as sementes de Curtis Mayfield e Marvin Gaye mais longe, a caminho de um super funk, muitas vezes do heavy funk.
Em 1976, George Clinton encheu as pistas de dança.
Quase 30 anos depois, em 2005, voltou a fazê-lo.
Clinton foi Parliament, foi Funkadelic, foi ele próprio e deixou marca num registo com mais cor e com mais energia como nunca antes.
Este enorme clip revela outra filosofia de Clinton quanto ao funk que tocava: ser livre, livre, livre.

1975, Steeleye Span, em "All Around My Hat"

Se muitas vezes a folk inglesa impressionou, foi em 1975 que pela última vez mexeu séria com o mundo. Foi assim, com esta muito especial chapelada.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

1974, Kraftwerk, em "Autobahn"

33 anos depois, é ainda com emoção que se ouve a canção que motivou o rótulo mais impróprio da música: foi pelos Kraftwerk que se passou a falar de "cold wave".
É que se não é calor, então o que é que emana deste som tão espantoso e inusitado?

1973, Roxy Music com Brian Eno, do álbum "For Your Pleasure"

O início dos Roxy Music, em 1972, fôra glorioso, cheio de glamour.
Em 1973, este "Do the Strand" revela-nos que a história poderia ter-se escrito a ouro, mas na verdade a alma criativa iria logo em seguida mudar de residência, acompanhando as deambulações inesgotáveis de Brian Eno, décadas a fio.

1972, David Bowie, em "Ziggy Stardust"

Para além deste belíssimo Ziggy, 1972 foi para David também o ano de "Space Oddity". Aliás, podemos até dizer ter sido esta, a de 70, a década de David (até ao magnífico "Scary Monsters", de 1980, e depois de "Heroes", "Young Americans" ou "Low").
Com produção de Tony Visconti, eis Ziggy, personagem de Bowie.

1971, Marvin Gaye e "What's Going On"

Se em 1970 brilhou Curtis Mayfield, 1971 é o ano de Marvin Gaye e deste seu espantoso "What's Going On".
Marvin Gaye ia ainda mais longe e isso mesmo percebeu o inglês N.M.E. quando em 1984 o designa, para choque do mundo inteiro, como o melhor álbum de música popular jamais editado.
Nós, no DIVERSUS, não estamos longe de concordar.

1970, Curtis Mayfield, do álbum “Curtis”

Em 1970 antevia-se o século seguinte. “We The People Who Are Darker Than Blue” é nada menos que isso, uma viagem do tempo, como se Curtis tivesse viajado 3 décadas e regressado para reinterpretar o mundo do século XXI.
E claro que “Curtis” é um disco de síntese, não podendo existir sem o Jazz moderno dos 60, sem os Blues, sem os cantos Gospel, sem a Soul standard, sem a Pop mais colorida e sem Hendrix. É isso mesmo, Curtis Mayfield reescrevia e antecipava. É ouvir então, este que é apenas um pedaço de uma enorme obra prima, só verdadeiramente percebida as tais 3 décadas depois.

1969, Mississipi Fred Mcdowell, da compilação com o mesmo nome, da Everest Records

É fenómeno recorrente, mas a revelação de muitos dos nomes maiores da música ocorre em compilações tardias, por vezes mesmo póstumas e frequentemente editadas por oportunidade de um qualquer hit de projectos por si influenciados, ou até por ocasião de uma qualquer reinterpretação, desde que com boas vendas.
De Mississipi Fred, talvez o bluesman acústico – embora aqui com guitarra electrificada, em "slide" - mais brilhante desde o longínquo Leadbelly (anos 20 e 30), só em 1969 o grande público soube da sua existência.
De entre as boas novidades desse ano, esta foi destacadamente a melhor: conhecer-se enfim mais um dos fundamentos da modernidade, com Muddy Waters, um dos seus mais intensos “agentes genéticos”.

1968, Van Morrison, de "Astral Weeks"

Van Morrison é irlandês.
Neste clip, em que "Sweet Thing" toca em contexto de imagens contemporâneas, não se alcança o verde campestre que os clichés associaram ao seu país natal. Talvez porque Van é um homem da urbe, um cosmopolita, um visionário de escala maior.
Em 1968, “Astral Weeks” condensava muita coisa, muito de musical e imenso de espiritual, e deixava um rasto de força que muitos melómanos ainda hoje não alcançaram completamente.
De “Astral Weeks” gosta-se mais quanto mais se houve. E continua-se a não se perceber bem o porquê do mistério que há nesta música.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

1963, João Gilberto, com Stan Getz e Astrud Gilberto, no álbum "Sambalero"

O "Corcovado" num encontro entre o Jazz e a Bossa Nova. Vinte anos depois o Brasil haveria de marcar a música de todo o mundo. Em 1963 era uma poderosa semente que se fazia ao mundo, com a ajuda do mestre Stan Getz.

1967, Velvet Underground, do álbum “Andy Warhol’s Velvet Underground, featuring Nico”

Se há um primeiro ano em que tudo parece fazer sentido, na música popular, esse ano é 1967.
Foi o ano de arranque dos Doors, logo com dois álbuns, foi o ano do maravilhoso “Goodbye and Hello” de Tim Buckley, foi o ano de “Simley Smile”, dos Beach Boys, foi o tempo em que Buffalo Springfield, Bob Dylan, Beatles, Jimi Hendrix, Jefferson Airplane, Pink Floyd, Rolling Stones, Scott Walker e tantos mais ajudaram a criar a noção de que a revolução estava em marcha.
Só 1980 viria a repetir o feito.
Mas de todos os grandes feitos desse ano de charneira, o grande estrondo, o melhor contributo para a modernidade, foi-nos trazido pelos Velvet Underground de Lou Reed e John Cale, ajudados pela marca inesquecível de Andy Warhol, o híbrido multi-cultural moderno por excelência na América urbana de então.
O primeiro álbum dos Velvet é seguramente dos grandes feitos culturais da música contemporânea, explodindo todas as fronteiras de género e colocando-se na história naquele lugar de obra cimeira, de primeiro paradigma da cultura musicológica do nosso tempo.

1966, Beach Boys, do álbum “Pet Sounds”

1966 foi o ano definitivo dos Beach Boys, do seu maior álbum e da que é, com “Good Vibrations”, uma das suas 2 melhores canções, “God Only Knows” (aqui numa excelente versão ao vivo de 1969).
É magia pura, ainda mais vibrante ouvida a 4 décadas de distância. E ninguém então os superou, quanto a beleza Pop.

1965: o ano de "A Love Supreme" e de "Crescent", de John Coltrane

Nenhum dos álbuns em título está disponível no YouTube. Serve então esta bela performance ao vivo, também de 1965.
Se a grande força popular do Jazz parecia em crise até então, os maiores jazzmen encarregavam-se de abrir outros caminhos. Os novos caminhos buscam então a inovação das harmonias, das rítmicas e introduzem conceitos musicais externos e mesmo de géneros culturais extra-musicais, convivendo em autêntico ninho criativo. Nos anos 60, com Miles Davis, John Coltrane liderou um processo de impacto incessante, que é alforge para inúmeros caminhos da revolução musical que a música Soul e depois o Funky, o Reggae e a Pop haveriam de explorar. Até hoje.

1964, John Lee Hooker, em “Boom Boom”

Em 1964 ilustração do melhor blues eléctrico de sempre, com John Lee Hooker. O blues foi, com o jazz, a grande força motriz da revolução musical até aos anos 50 do século XX, antes de, um e outro, darem lugar à pop, a nova força emergente. John manteve-se no entanto sempre activo, vindo a assinar mais tarde, início dos 70, um dos álbuns mais notáveis de cruzamento desejado entre um bluesman e um grupo rock: “Hooker’n’Heat”, com os Canned Heat.
Para além de Hooker, outro vulto se destacara nos blues eléctricos: Muddy Waters, o inspirador sempre reconhecido pelos Rolling Stones.

1962, Bob Dylan, o álbum "Freewheelin’ Bob Dylan"

Em 1962 ocorreu a revelação de um fenómeno que ainda em 2006 (com “Modern Times”) revelou frutos notáveis. Bob Dylan, com uma viola e uma harmónica, pegava no country-folk e revestia-o de uma inédita força bluesy, no quadro de poesias marcadamente interventivas.
A ruptura vinha acompanhada de uma beleza rara, e nem por acaso é "Girl From the North Country" que aqui surge, uma canção de recorte romântico, mas capaz de revelar toda a força de Bob.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Anuário ilustrado das músicas populares: 1962-2006

De algum modo, o DIVERSUS nasceu em 1962, algures pelo fim do Outono.
De lá para cá, nestes 45 anos, as músicas populares viveram múltiplas convulsões, com centenas de criadores a abrirem caminhos e inúmeros caminhos a entrecruzarem-se e, quantas vezes, a colidirem.
Até que chegámos a este brilhante caleidoscópio que hoje vivemos.
Com a ajuda do que é, talvez, o melhor e mais democrático arquivo vivo que alguma vez o homem pôde encontrar, o YouTube, vamos procurar ilustrar com sons e imagens e (quase) sem palavras, muito do melhor que em cada um destes anos justificaram uma paixão, esta nossa paixão.
Nem tudo o que quereriamos trazer por certo encontraremos, mas estamos certos que muitas pérolas, também videográficas, traremos à liça.
E começamos não tarda nada.

O Márcio Matos

O Márcio trabalha na Flur. É um tipo simpático, amante de vinil e com o sonho de um dia se fazer às pistas internacionais, com as suas misturas e dj sets inspirados nos sons de há 20 anos.
Mas quanto a pintura é já outra coisa com ele.
O sítio que mostra os seus trabalhos revela uma singularidade que analfabetos em pintura como este escriba só podem admirar, não comentar.
É ir ver, SFF.

London Calling: a bandeira da revolução Pop!

Ou a canção que mudou o mundo de muitos entre nós, no seu esplendor original.

The Pogues com Joe Strummer - London Calling forever

London Calling soberbamente interpretado por Costello, Springsteen e outros: para a imortalidade de Joe Strummer

Mario Biondi - antecipação mágica para um àlbum quente

Um bom filme romântico



Mississipi Gambler, com Tyrone Power e Piper Laurie, tem passado sucessivamente no canal Hollywood e tem todos os ingredientes românticos que o cinema, quando é feliz, nos proporciona.
Tyrone Power foi um galã, mas verdadeiramente ficou esquecido e apenas os cinéfilos lembram. Já de Piper Laurie nem os amantes da arte tendem a recordar uma mulher assim (então com 19 anos).
E no entanto, eis um par deslumbrante, numa história tão verosímil como passar-se no Mississipi, nos arrabaldes de uma New Orleans pejada de jogo, música e encantamento, de romance e de esgrima, de cores, tecidos e cheiros importados da mágica Paris, verdadeiro modelo do glamour da viragem dos séculos XIX para o XX, período que o filme retrata.
Menos de duas horas de excelente cinema romântico e ocasião para recordar dois bons actores, dirigidos soberbamente por Rudolph Maté, eis então o convite.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Prison Break: ou como os sentimentos verdadeiramente contam

A propósito da magnífica série PRISON BREAK (aos domingos à tarde, na RTP1), ocorre divulgar um pequeno trailer, que encontra o ângulo do romance entre Michael Scofield - interpretação de Wentworth Miller, o protagonista e chave da série - e a Drª Sara Tancredi, médica interna no presídio (um papel magnético de Sarah Wayne Callies).
A música Open Your Eyes, dos Snow Patrol, ajuda a marcar as emoções e verdadeiramente reforça o convite que o DIVERSUS deixa ao contacto com esta que é talvez a mais interessante soap em exibição, na nossa muito particular opinião.

New Order e Blue monday, o postfácio definitivo

New Order em Temptation: no apogeu da herança de Ian Curtis

Temptation leva-nos ao breve fim deste trajecto pela herança de Ian Curtis. E finalizamos com a melhor herança, a melhor canção Pop, um portento definitivo, que condensa o crème de la crème do grupo de rapazes de Manchester.

Depois das epopeias de Curtis, com os New Order chegava a vertigem Pop. Não uma Pop qualquer, apenas aquele ritmo e aquelas melodias que só poderiam advir do ninho Joy Division. Porque também os deprimidos têm os seus momentos de festa, também os deserdados, os solitários, os ansiosos, têm os seus momentos de agitação e também eles procuram muitas vezes a beleza condensada em canções.

Os filhos espirituais de Curtis, verdadeiramente seus irmãos nos Joy Division, especializaram-se então nas canções. Sim, os New Order são um grupo de canções. Não foi só a electrónica, não foi só Blue Monday, nos anos 80 um dos maxis mais vendidos e das batidas obrigatórias das pistas de dança.

Ainda em 2005, com Waiting for the Sirens Call, chegaram mais 3 canções para o pecúlio: Krafty, Waiting for the Sirens Call ou Who's Joe?

Mas desde Temptation que o seu ADN se explica assim: Pop com cor singular, numa dimensão onírica que muito poucos mais conseguiram com tanta consistência de há mais de 20 anos.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

lcd Soundsystem: quase no fim, a longa espera


Já temos som; já temos capa. Falta 1 mês para pegarmos à séria em Sound of Silver, talvez o disco mais aguardado de há 1 ano.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Is All Over the Map, dos Giant Sand


No rescaldo do inesquecível concerto de Howe Gelb, há semanas, no Santiago Alquimista, temos prosseguido a descoberta do seu trajecto.

Última aventura: Is All Over the Map, de 2004.

Conclusão: uma canção enorme, Flying Around The Sun At Remarkable Speed, e um conjunto harmonioso, com Gelb acolitado a alto nível por John Parish, produtor e músico, antes companheiro das andanças de meio mundo da cena rock-country da última década, e acima de todos cúmplice da melhor P.J. Harvey, a dos anos 90.


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

New Order


Primeiro, um caminho, outro, e outro, e ainda outro. Mais tarde, umas palavras.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

4hero e uma convicção: vem aí uma grande bomba!

Seis anos depois de Creating Patterns, os 4hero já não enganam ninguém e, a julgar pelas primeiras canções já escutáveis no sítio Myspace, Play With the Changes ameaça ter o efeito de uma autêntica bomba fragmentária, não deixando ouvido algum incólume.

Sai na próxima semana em Portugal, com distribuição da sempre atenta Symbiose, e perfila-se pela certa como um dos grandes objectos da arte da música para este promissor 2007.
E atenção, pois Look Inside, Morning Child e Take My Time são canções deliciosas, do melhor de sempre deste duo, negro na pele e brilhante no espírito.

O funk na Florida há mais de 30 anos

Da formidável ânsia editorial da Jazzman Records sai mais um grande disco de memórias, não vá alguém não ter ainda reparado que o futuro se há-de fazer depois de se levantar o véu do que ficou para trás, muitas vezes semi-incógnito nas profundezas da grande cultura negra norte-americana.

Depois dos contributos de Philadelphia, Miami, Texas e vários outros, chega-se agora ao estado da Disney e dos furacões, com a certeza de que a semente da modernidade também por ali andou há pelo menos 40 anos, e era vigorosa, dançável e bela, como neste repositório de 22 canções tão bem se pode ilustrar.

Primeiro grande registo de notícia em 2007 da música Pop, Florida Funk é uma publicação de fins de 2006, a merecer ouvidos e corpos nervosos, disponíveis com sentido de urgência.