A história deste filme de 2006 é a tentativa de um realizador encontrar nos corpos e nos rostos de actrizes amadoras a verdadeira expressão do prazer.
Vai com esse desígnio destruir tudo à sua volta, num jogo de limites em que também ele entra numa dança de vida e morte que são vizinhas do prazer, do amor e do sexo.
É um filme mal cotado, aliás nem isso, medianamente cotado.
Mas há algo nele que seduz. Não é pelo papel de Frédéric Van Den Driessche como François, na verdade sempre mediano. Não é pela sedução dos corpos fantásticos que o atravessam. Ainda menos será pela fantasiosa presença de dois anjos femininos, enviados para presenciar a sua morte anunciada, pequeno pedaço de ficção falhado.
O prazer que como espectador senti neste filme estará no objecto mesmo da história, no jogo dos prazeres, na devassa perigosa do seu mistério, na loucura que o amor pode envolver quando levado aos seus limies.
Jean-Claude Brisseau não dirigiu imaculadamente "Les Anges Exterminateurs", mas a história vive para lá do resultado fílmico. E é este um dos mais estranhos filmes que se pode ver, muito europeu, muito para lá da representação, muito plástico em sentido próprio.
V
A IMAGEM: David Guttenfelder, 2024
Há 3 horas