De Hermínia, grande e desconhecida, já velha e apenas repescada ao quase anonimato internacional por mérito da (boa) febre induzida por Cesária Évora, surgiu um dia uma obra notável, capaz de nos revelar como nenhuma outra antes ou depois a força da cultura cabo-verdiana. Falamos de Coraçon Leve, um disco-estreia de 1998, com uma Hermínia bem perto dos 60 anos e com escrita e arranjos principalmente de Vasco Martins.
É certo que muitos anos antes, acima de todos Antoninho Travadinha, mas também Os Tubarões (com a sua Tabanca, e de quem presenciámos excelente concerto algures por 1982), Zézé Di Nha Reinalda (com a melhor canção cabo-verdiana que conhecemos, Djentis D'as Água), os Bulimundo de Cabo Verde e até Bana (magnífica fôra a sua Tchadinha), também Paulino Vieira, os Finaçon e, claro, Cesária Évora, todos foram deixando, cada um a seu modo, marcas muito fortes da fantástica música de tão pequeno país.
Mas foi com este Coraçon Leve que sentimos estar realizada a síntese ideal, a força mais funda que identifica as obras maiores.
Da caleidoscópica música de tão cordial povo, Coraçon Leve e a poderosa Hermínia foram um dia grandes, eis a memória que queremos hoje partilhar aqui.
[ Disques ] Alva Noto - Xerrox Vol. 5
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