O Diversus começou há mais de 4 anos. Em termos da blogosfera, poderiamos chamá-lo já, seguramente, de veterano.
Eram os tempos do início do sempre magnífico Abrupto, de José Pacheco Pereira (JPP), o extraordinário visionário, referência viva máxima da nossa sociedade, que verdadeiramente impulsionou, em Portugal, uma atitude mais sénior e culturalmente exigente também para este novo modo de comunicar em público.
Mas não deixava - apesar dos esforços de JPP - esta nova ferramenta comunicacional de ser perigosamente mais fácil, arriscadamente mais efémera, mas sempre extraordinariamente democrática.
O Diversus começou por pretender ser texto, veículo de opiniões, visões, notícias, designadamente de concertos.
Visava ser lugar não só de um, mas de mais dois, um deles, o Zé, escrevendo sobre música e cinema, o terceiro, o Luís, sobretudo sobre cinema. Teria sido um projecto mais completo, verdadeiramente diverso, pretensão sempre inscrita no nome.
Não sucedeu assim, e, com uma única excepção, o Diversus tornou-se mesmo o lugar de um só escriba, tendo atravessado períodos de inacção, quase mortal, aliás.
Claro que as listas de fim de ano, uma tradição nossa com uns 26 anos já, acabariam por serem sempre o pretexto para a sua não morte definitiva.
Até que um dia chegou a revolução Youtube.
Orgulhamo-nos de termos percebido precocemente a força potencial deste depois mega-fenómeno e o Diversus acabou por se converter em outra coisa, mais viva, ainda mais efémera, decerto mais apagadora das suas pretensões iniciais de lugar de texto, opinião e conversa.
Os clips e os trailers do Youtube, devolveram ao Diversus uma verdadeira ambição. O Diversus é hoje uma janela aberta para as novas músicas, mas também para as memórias do que nos animou antes, ou para a descoberta de imagens para sons de que só conheciamos o preto do seu vinil, ou o cinza metálico dos cd.
O texto reduziu-se como teria de ser para dar voz aos sons, que se encarregam de falarem por si. Ficámos mais ligeiros e despretensiosos.
Claro que o Diversus não tem o brilhantismo do HitdaBreakz, ou até do Sound + Vision, um e outro muito mais bem sucedidos e hoje consagrados lugares de visita de gente exigente, o segundo encorpando aliás mais que perfeitamente o projecto que também tínhamos. Mas têmo-los connosco, de há muito em links de que nos orgulhamos. É por isso o Diversus também um corredor de passagem para outros lugares, com caminhos úteis e muitas vezes empolgantes.
Mas o que nos agrada é que o Diversus ainda vive e estamos certos que em um outro dia passará a ser, de novo, outra coisa.
A IMAGEM: Sam Shaw, 1957
Há 31 minutos