segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Scent of a Woman: o filme para uma vida

E que tal a sensação de se ver, talvez, o melhor filme das nossas vidas? Pois, Scent of a Woman é, desde hoje à noite, esse filme para nós.

Estávamos em 1992, Al Pacino com 52 anos, fazendo de cego e sobretudo de Al Pacino, um papel que foi o que principalmente sempre fez e fará, e aqui melhor que nunca.
Dançou tango - um cego a dançar o tango com Donna, papel da belíssima Gabrielle Anwar - que aprendeu na melhor escola de dança de Nova Iorque (DanceSport, em Manhattan) e fez o cego mais credível da história do cinema, para o que se preparou numa escola para cegos.
Ao lado de Al esteve Chris O'Donnell, fresco nos seus 22 anos de então, a fazer de colegial naïf e íntegro, num magnífico papel necessariamente satélite da mega estrela Pacino.
Depois, o cocktail agita-se com um argumento de cortar o coração e de abalar consciências, no mais brilhante e surpreendente registo do "políticamente correcto".
Finalmente, sucede uma gestão global do tempo e da trama fílmica de absoluta perfeição.

Perfume de Mulher, assim se chamou em português, passou hoje na sessão nocturna do canal Fox Life e fica para nós na exacta posição de best ever movie.
Talvez um dia outro filme o destrone.
Ou pode ser que venhamos a rever esta ilacção. Há tantos grandes filmes de Hawks, Anthony Mann, Ford, Hitchcock, mesmo Chaplin, Murnau, Kurosawa, Spielberg, Scorsese, Coppola, e porquê Brest?
Porque o que conta é a experiência avassaladora deste filme, a um nível que não rememoramos em nenhum outro (perto, provavelmente apenas Duel de Spielberg, ou Ran de Kurosawa).

E quem é e o que fez, antes ou depois, Martin Brest? Fez televisão, fez Meet Joe Black, com Brad Pitt e Anthony Hopkins, filme mediano, e fez depois um super flop, Gigli, com o medíocre Ben Affleck e a inexistente Jennifer Lopez.
Mas e o que interessa isso?
Para nós, Brest contará sempre e basta por ter sido capaz de realizar estas 2,5 horas de magia que é Scent of a Woman, momento de prodígios em que o melhor Pacino de sempre (único Oscar de toda a sua carreira, imagine-se!) se encontrou com uma conjunção tal que provavelmente deu origem ao melhor filme de sempre. Pelo menos para nós.
Caso para dizer, como Pacino, "Whoooah!"