segunda-feira, 1 de maio de 2006

American Beauty, de Sam Mendes (e do argumentista Alan Ball)

American Beauty é um filme espantoso, à sua maneira elegante, belo. Um filme do nosso tempo, ficção das nossas dúvidas e dos nossos desequilíbrios.
Á primeira vista, é um filme sobre as aparências, mas na verdade não é. É um filme sobre os nossos fingimentos, aquilo que - aos 96 anos - Manoel de Oliveira dizia ser a nossa permamente representação, ao vivermos.

Perguntava ele, a propósito de se dizer que o seu modo de filmar era demasiado teatral, se o nosso viver não se faz, todo ele, por convenções, por normas, por standards, e se nós a todo o tempo não estamos a representar, no trabalho, em casa, às vezes até quando estamos sós.
Quanto tempo da nossa vida somos nós inteiramente autênticos, nós mesmos, sem condicionantes?

Manoel de Oliveira a propósito deste American Beauty, sublime retrato de nós, normais indivíduos, tantas vezes algo para o weird, como tantos dos personagens de Alan Ball e Sam Mendes.

Mais uma vez muito grande a performance de Kevin Spacey, um dos melhores actores deste nosso tempo.