Seria talvez 1984, ou 1985. O José Alberto Maio era um emigrante açoriano de Angra do Heroísmo, orgulhoso dos sinais americanos que a proximidade das Lajes permitia. Ele eram os Ray Ban "de aviador", ele era o gravador de fita de grande bobine, elas eram as colunas espantosas, enormes e feitas de madeiras nobres, eles eram os discos que ninguém conhecia. Foi no seu quarto de àguas furtadas, próprio de um verdadeiro refugiado em Lisboa, que pela primeira vez ouvi Jimmy Smith e o seu órgão tão característico. Foi também nessa tarde de um sábado que me estreei na compreensão das diferentes respirações que o Jazz permitia. É o crédito que o Zé Alberto tem para comigo.
Já Kenny Burrell chegou mais tarde, por ocasião de uns quaisquer saldos em Lisboa. E nunca mais saiu das minhas imediações.
A IMAGEM: David Guttenfelder, 2024
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