Será do hiper-realismo? Será do ritmo que a imparável banda sonora lhe imprime de ponta a ponta? Será do glorioso final, a lembrar o mais admirável "kitsch" de Bollywood, ou as grandes danças junto ao Sena de Gene Kelly no "Americano em Paris"? Será do enredo tão à Hollywood série B dos anos de 1930? Será do desnudamento de um carácter que só sabe mesmo dizer a verdade e que oferece só amor quando quem ama lhe pergunta de que viverão quando forem livres e felizes? Será da oportunidade de ganhar 20 milhões de rupias, experiência onírica e salvífica que todos perseguimos (os 90 milhões que viram a fase final do concurso e todos nós, sobretudo quando a crise aperta) mas que Jamal agarra como única oportunidade para reencontrar a mulher a quem ele sabe que o destino o liga? Será da grandeza inesperada do irmão, Samir, que no cume do desafio resolve morrer para deixar viver o amor por que Jamal Malik, Latika e todos nós ansiávamos?
E faltam tantas outras perguntas para cujas respostas se encontraria mais uma e ainda outras razões para concluir que "Slumdog Millionaire" introduz extraordinária novidade na cinematografia do nosso tempo, um quase indizível arrebatamento que costuma caracterizar os grandes filmes do nosso tempo. E este é um enorme filme deste tempo. Talvez e de longe o melhor filme que este ano se verá.
PS - na grande referência internacional de consulta do cinema que é o Internet Movie Database, mais de 51.000 votos já elegeram "Slumdog Millionaire" o filme número 34 de todos os tempos. É uma proeza rara e absolutamente condigna. "Milk", por exemplo, é apenas número 233.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
"Slumdog Millionaire" de Danny Boyle, ou a estranha sensação de ver o melhor filme do ano logo em Fevereiro
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