sábado, 31 de março de 2007

Pop Levi - "Sugar Assault Me Now"

Há neste Pop Levi um forte travo a MarcBolan e aos saudosos T. Rex. Eis um bom motivo para irmos hoje à noite à Music Box ouvi-lo de viva voz.
Ou será que Pop Levi é Bolan ressuscitado dos ácidos?

quarta-feira, 28 de março de 2007

Pocket Symphony, dos Air: um disco bonito

Há no som dos Air algo de muito particular, de que se gosta, mas que não se valoriza excessivamente. Talvez porque sempre tenha este duo francês pretendido fazer música bela, capaz em primeiro e último lugar do encantamento de muitos.
É certo que o primeiro álbum, "Moon Safari", foi magnífico, irrepetível até. O que se foi seguindo manteve os Air a um nível de verdadeira grandeza, nunca fazendo discos para revolucionar, antes músicas para se gostar.
O último "Pocket Symphony", já de 2007, volta a fazer-nos sentir que nem sempre a música tem de ser espantosa. Por vezes basta que seja apenas bonita.

domingo, 25 de março de 2007

Eu, melómano

Diz-se de um amante de música ser um melómano. Mais exactamente, MELOS significa melodia em Grego e MANIA quer dizer loucura, paixão.
Em bom dizer popular, um melómano será antes um louco por música, ou em inglês vernáculo algo como music fan (por sua vez fan derivando de fanatic).
Mas é bom saber-se que melómano é qualificativo mais comummente usado pelos amantes de música erudita, os mais cultos e eruditos de entre eles, os sabedores de todos os nomes, de todos os episódios, conhecedores imparáveis das versões de referência, quase biógrafos dos directores de orquestra e às vezes até íntimos dos intérpretes de excelência.
Na definição geral, o melómano é o autêntico enciclopédico, o cultor quase obsessivo da agenda de concertos do S. Carlos e da Gulbenkian. Honra lhe(s) seja.
Ora, hoje lembrei-me de dizer a todos que me considero um melómano.
E porquê eu, pobre amador? Porque tenho vertigens e quase tremo de emoção quando ouço música de que gosto. Isso é para mim a melhor definição deste amor à música. Aqueles que estremecem são melómanos. Mude-se a significância do conceito e conversa acabada.

sábado, 24 de março de 2007

!!! e "Heart Of Hearts"

Antes ainda do Coliseu de Lisboa, porque não arriscar uma (boa) vitamina cardíaca? Esta é a melhor canção até agora por nós ouvida, de 2007.

Vanessa And The O's em "Bagatelle"

Uma beleza de 2007, perpetuelle.

"Creep", ou os Radiohead no seu melhor, algures nos anos 90

Grandes canções no YouTube

New Order, em "Waiting for the Sirens' Call", de 2005.

Grandes canções no YouTube

Algures nos anos 60, The Righteous Brothers e a "Unchained Melody".

Grandes canções no YouTube

Em 1966, os Cream, em "Sunshine of Your Love"

Grandes canções no YouTube

The Yardbirds, "For Your Love", em 1965.

quinta-feira, 22 de março de 2007

terça-feira, 20 de março de 2007

Beatriz Batarda


É Beatriz a melhor e, talvez, a mais bela actriz portuguesa hoje activa?

Depois de vermos Peixe Lua (2000), um filme surpreendente e pertubador do já falecido José Álvaro Morais, pensamos assim.

domingo, 18 de março de 2007

URSULA RUCKER: por ela própria, a propósito do seu regresso, a 27 de Março, no Lux

as 10 razões que tornam Lisboa grande, durante 3 semanas, a partir de 27 de Março

1. Ursula Rucker, no Lux, a 27 de Março

2. Pop Levi, no Music Box, 31 de Março

3. e 4. Cansei de Ser Sexy, no Lux, a 3 e 4 de Abril

5. Bonnie 'Prince' Billy e Faun Fables, no Maxime, a 5 de Abril

6. !!!, no Coliseu dos Recreios, a 5 de Abril

7. Panda Bear, no B.Leza, a 11 de Abril

8. CocoRosie, na Aula Magna, a 14 de Abril

9. Patrick Wolf, no Lux, a 18 de Abril

10. Skream! e Hatcha feat. MC Crazy D, no Lux, a 19 de Abril

sábado, 17 de março de 2007

Quando www é World Wide Wedding


Começámos por gostar destes romenos, meio ciganos, há aí uns 7 anos, por altura dos primeiros lançamentos. Gostámos sobretudo de Iag Bari, uma colecção espantosa de velocidade e alegria melómana.
Depois, a Fanfare Ciocarlia - verdadeiramente um colectivo predominantemente de metais, especializado, no seu início, na animação de festas de casamento - foi-se normalizando e universalizando e o último Queens and Kings é disso uma boa demonstração.


Há flamengo puro e duro, chegam outros sons cada vez mais fora da Roménia natal, mas reforça-se sobretudo uma capacidade cada vez maior para fazer de cada disco uma festa para o mundo todo.
O inicial deslumbramento pela técnica rápida, mesmo vertiginosa, deu lugar a uma procura mais sistemática do ritmo de dança convencional, as vozes estão mais presentes e participam do festim e o repertório trabalhado é cada vez mais seguro.
Raros casos haverá em que nos deslumbraremos por um trajecto de aproximação aos standards. A Fanfare Ciocarlia traz-nos em 2007 a evidência viva de que também precisamos - ó se precisamos!? - de música mainstream para a alegria das massas ... e para a nossa alegria junto das massas.

quinta-feira, 8 de março de 2007

The Cinematic Orchestra - "The Man With The Movie Camera"

Para fechar, quase o céu.

2002, The Cinematic Orchestra, de "Everyday"

E o (quase) fecho do anuário faz-se com um clip de que gostamos muito, uma canção que nos toca e um projecto musical que em nossa opinião espreme melhor que todos os demais o sumo destes 45 anos, a Cinematic Orchestra.
Do excelente "Everyday" publicaremos finalmente um segundo clip, com que fecharemos este ciclo.

quarta-feira, 7 de março de 2007

2007, The Shins?

Por alturas de Março, eis o melhor que já ouvimos.

2006, Herbert, de "Scale"

Um clip ao nível do melhor álbum da carreira de Matthew Herbert e bem ilustrativo da matéria viva de que se fez um ano maravilha para a história da música.

2005, lcd Soundsystem, do álbum com o mesmo nome

James Murphy e os seus lcd Soundsystem criaram algo novo, que os mais cépticos chamam de Punk-Disco e que os seus amantes - como nós -chamam de música para a revolução.
Em 2005 criou-se um som tipo, todos concordam: o som DFA.
Claro que em 2005 houve muito mais e talvez até música mais bela. Mas os lcd fizeram o maior fulgor e o seu som é claramente o que melhor resiste à usura destes 2 anos transcorridos.

2004, Orbital, do "Blue Album"

É "One Perfect Sunrise" uma das mais belas canções de sempre? Desde 2006 que no DIVERSUS sabemos que sim.

2003, Madlib, de "Shades of Blue"

E eis que um negro invade o património jazz da Blue Note, transfigurando-o ao ponto de somente pela capa se chegar à origem da roupagem.
"Shades of Blue" redefiniu campos de trabalho e reafirmou que os terrenos sagrados são mesmo para profanar, se daí vier bem ao mundo.
Em 2003 este foi o magnífico disco pelo qual se chegou finalmente ao conhecimento de um dos melhores produtores/autores norte-americanos deste início do século XXI.

2001, Herbert, "Bodily Functions"

Poderiam ter sido os Koop, então enormes, mas é Herbert que vem ilustrar o melhor de 2001. Porque fez magia, claro.

2000, Isolée, de "Rest"

Rajko Müller anunciava-se em 2000, e desde logo começavam os seus estragos. "Rest" insere-se numa linha algures entre o tudo e o nada do house, o mesmo em relação ao funky e abusa a rodos da paciência dos ouvidos mais médios... porque os desafia.
A glória viria mais tarde com o deslumbrante "We Are Monster", mas a "Rest" voltámos depois quase todos.

segunda-feira, 5 de março de 2007

1999, De-Phazz, do álbum "Godsdog"

Se é certo que 1999 está pobremente representado no YouTube (a lista de falhas é imensa), é igualmente verdade que "Jazz Music" representa bem um ano que foi de caminhos declarados entre as expressões europeias na procura das melhores influências caribenhas, agora já não via Jamaica, mais por La vieja Havana.

1998, Rockers Hi Fi, de "Overproof"

No adeus, os Rockers Hi Fi não fizeram a coisa por menos, arrebatando os corpos livres por esse mundo fora.
"Overproof" fechou aquela que é talvez a série mais magnífica de entre os criadores da música contemporânea: 3 discos foi o que durou e todos de elevadíssimo calibre ("Overproof" sucedeu a "Rockers to Rockers" e "Mish Mash"). Música de gigantes é o que foi esta dos Rockers.

1997, Thievery Corporation, de "Sounds From the Thievery Hifi"

E eis quando, quais agentes idos de Washington D.C. (sua base de operações), dois brancos reinventam a negritude, dando cabo dos standards, pilhando, reconstruindo, promiscuindo por aqui e por ali (também por cá, com várias incursões nos sons da noite lisboeta). É que é bom que se saiba que em 1997 a glória maior foi mesmo da Thievery Corporation. E em Portugal sempre se adorou esta dupla maravilha, de Rob Garza e Eric Hilton.
Depois de 1997 pode dizer-se, e diz-se abundantemente, que não pararam de repetir-se. Por nós ainda bem.
(Com um abraço ao Francisco Amaral).

1996, Underworld, "Born Slippy"

"Born Slippy" não foi incluído em qualquer dos álbuns de originais dos Underworld, designadamente em "Second Toughest In The Infants", do mesmo ano de 1996.
Não é por isso que este portento com rítmica minimalista e quase tribal deixa de ser uma das canções cimeiras da música popular da década de 90, que é absolutamente.

1995, Tricky, de "Maxinquaye"

O que de extraordinário se juntou em 1995? Foi "Timeless" de Goldie, foi "How I Quit Smoking" dos Lambchop, foram os St. Germain de "Boulevard", foram os Smashing Pumpkins, os magníficos Rockers Hi-Fi no seu melhor, com "Rockers to Rockers" e um sem número de outros portentos editoriais, que fizeram desse ano talvez o mais brilhante depois de 1980.
Em "Maxinquaye", também Tricky aproveitava para revelar-se ao mundo, trazendo neste "Pumpkin" a voz saborosa de Alison Goldfrapp, anos mais tarde uma estrela com luz própria.
Como muitas vezes sucede, jamais Tricky voltou à força de "Maxinquaye".

1994, Portishead, de "Dummy"

Portishead é uma pequena vila inglesa. Foi de lá, com o seu nome, que veio este som, cheio mas subtil.
Grande sobretudo por "Mysterons" (aqui em notável versão ao vivo), foi em 1994 que primeiro nos surgiu o som de Beth Gibbons e companhia, para ficar para sempre.
Ao estilo há quem chame de trip hop. A nós interessa-nos mais sublinhar que é em "Dummy" que este fascínio melhor ficou depositado, irrepetidamente.

1993, Aphex Twin, de "Selected Ambient Works vol. 2"

Os Aphex Twin de Richard James são uma descoberta recente no pequeno mundo do DIVERSUS, influenciada pela entretanto extinta revista expanhola DANCEDELUX, que votou o álbum em que este "Donkey Rhubarb" se insere o melhor disco de música electrónica dos últimos 25 anos.
Também nós gostamos a valer e só podemos acrescentar que, ao menos em 1993, nada melhor se fez, e não somente nas correntes electro.
O clip ESCOLHIDO, além disso, é um achado.

1992, XTC, de "Nonsvch"

Foi "Nonsvch" um álbum melhor que qualquer dos álbuns dos Beatles? Respondemos nós: sim!
Por ele, em 1992 o mundo poderia ter rebentado de emoção com este conjunto de melodias absolutamente explosivas. Manifestamente o mundo não percebeu o risco.

1991. Massive Attack, de "Blue Lines"

"Blue Lines" é o melhor álbum da história transcorrida da música popular. Apareceu em 1991.

1990, Nusrat Fateh Ali Khan, "Mustt Mustt"

"Mustt Mustt" foi editado na Europa em 1990, anos depois de Nusrat Fateh Ali Khan se ter consolidado como a grande figura da música popular contemporânea do Paquistão e em geral da música do chamado Industão, aquele grande mundo que liga a Índia às culturas da península arábica.
Na Europa o nome de Nusrat surgira antes com Peter Gabriel, através de variadas colaborações nas iniciativas da sua etiqueta, a Real World. Sucedia a "Love Songs", a "Devotional Songs" e a "Shahen-Shah" e afirmava-se como o grito a plenos pulmões de uma cultura tão universal como aquela que antes levara Beatles, Doors, Beach Boys, Rolling Stones, Louis Armstrong e tantos outros à dimensão do mundo.
Para o DIVERSUS, foi com "Mustt Mustt" que a paixão verdadeiramente começou. Em 1990.
Nusrat é um daqueles a que mais apetece voltar, para com ele tocar cada vez um ponto mais fundo da alma.

domingo, 4 de março de 2007

1989, De La Soul, de "3 Feet High and Rising"

Em 1989 Prince Nelson incentivou e produziu um dos discos charneira da última geração da música negra.
"3 Feet..." tornou-se definitivamente um histórico, e é a matriz de muito do que se fez nas duas décadas seguintes, inspirando um sem número de novos estilos, não somente da música negra.

1988, Prefab Sprout, de "From Langley Park to Memphis"

Austrália em 1987, Austrália em 1988. Não foi só por "Cars and Girls", foi por todo um álbum irremediavelmente arrasador, disparado directamente ao sistema nervoso central do mundo inteiro e dançado tantas vezes, alucinadamente, há já quase 20 anos.
Poucas vezes a Pop foi assim como com os Prefab Sprout, tão quase perfeita.

1987, Triffids, de "Calenture"

Da Austrália os anos 80 deram-nos inúmeras contribuições para a felicidade geral, acima de todas os Prefab Sprout, os Go-Betweens e estes Triffids.
"Calenture" fez a condensação perfeita do encanto desta música que ainda hoje pode ser incendiária do mais gélido dos corações por aí.

1986, Le Mystere Des Voix Bulgares

Ninguém poderia esperar isto: em 1986 o dono e produtor da então tão em voga editora 4AD comprou uma série de gravações históricas da rádio estatal da Bulgária, remisturou-as e montou o seu marketing, e de tal modo que estarreceu meio mundo.
Havia na edição destas vozes búlgaras, quase sempre a capella, uma misticidade muito para além do que os melhores e mais densos europeus faziam.
A saga I e II desta edição é ainda hoje das obras mais belas, embora tristes, que da música europeia alguma vez se deu a ouvir.
E este clip, extraído de uma exibição em programa de TV norte-americano, mostra-nos isso mesmo.

1985, Microdisney, de "The Clock Comes Down the Stairs"

Os Microdisney tiveram um trajecto curto, mas intenso, e produziram das sonoridades mais amadas pelo DIVERSUS naquele tempo. Este clip de "Birthday Girl", ao vivo e incompleto, transmite bem a força de uma voz singular, a de Cathal Coughlan, que se percebia e soltava das espirais vinílicas e fazia estremecer o espírito, mais que o corpo.

sábado, 3 de março de 2007

1984, The Smiths e "This Charming Man"

1984 foi também o momento do primeiro Lloyd Cole, mas "This Charming Man" e todo o primeiro álbum da banda de Morrisey e Marr foi simplesmente arrasador.

1983, Fleshtones, em "Hexbreaker"

Quando a Pop e o Funky flirtavam, com pendor branco. Ou de quando, uma década antes dos Morphine, o saxofone era já protagonista mor.

sexta-feira, 2 de março de 2007

1982, Orange Juice, de "You Can't Hide Your Love Forever"

Da Escócia, a demonstração da pluralidade dos focos de modernidade da música popular, num som cheio de referências aos Velvet Underground da fase final (de "The Velvet Underground" ou "Loaded").

1981, The Passions, de "Thirty Thousand Feet Over China"

Quem ouviu em 1981 não terá esquecido certamente este som encantatório, esta vertigem de ouvir "I'm in love with a german film star".
A melhor canção para um ano que teve em John Cale e no seu "Honi Soit" o melhor álbum de canções.

quinta-feira, 1 de março de 2007

1980, Talking Heads, do álbum "Remain in Light"

De 1980, o ano ouro da música Pop, entre muitos discos obrigatórios, há um que é do domínio do absoluto sublime: "Remain in Light", o produto irrepetido de duas das maiores cabeças da música do nosso tempo, David Byrne e Brian Eno.