Gilles Peterson é um radialista da BBC, mas também um DJ requisitadíssimo, ainda um editor visionário, um estudioso com motivação inesgotável, um descobridor de talentos excepcional, um tipo ainda jovem, um carimbo de qualidade, uma surpresa de há largos anos, quase todos os anos.
Em suma, Gilles Peterson é um verdadeiro hiperactivo. E ainda bem.
Não querendo desviar o focus da actualidade, importa reter o disco lançado há alguns meses pela UBIQUITY Records e que em Portugal só agora se encontra, mas apenas com algum faro (atenção à variação de preços, uma autêntica aberração): Gilles Peterson Digs America.
Em pleno ano de ouro para as compilações e em geral para as buscas de fitas tidas por perdidas ou antes negligenciadas, o pecúlio Soul (mas também Funky, Jazz e até Country) que Gilles Peterson desenterrou e nos dá a ouvir neste àlbum é histórico, um verdadeiro acontecimento que merece de todos um esforço de urgente descoberta.
E de descoberta pois que a totalidade dos artistas chamados ao palco eram absolutamente desconhecidos até agora. E no entanto magníficos.
Como já escreveu Ricardo Saló, apetece agora ir à procura das inúmeras edições em que dispersamente muitos deles foram por certo publicando nas últimas décadas e saber sobre todos e perguntarmo-nos depois onde temos nós andado para até agora desconhecermos criadores deste calibre.
Para a cena musical Soul, Gilles Peterson Digs America pode vir a ter o significado que Buena Vista Social Club teve para a nova vaga de divulgação da música cubana. Com uma diferença: os protagonistas de Gilles não estarão já vivos. Muito tarde afinal ... talvez.
A IMAGEM: David Guttenfelder, 2024
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