terça-feira, 9 de maio de 2006

Grandes àlbuns - Reivax au Bongo, de Hector Zazou

Hector Zazou é um descobridor. Talvez se devesse antes dizer dele ser um convidador, tendo-se especializado na nobre tarefa de convocar ambientes, instrumentos e cantores/compositores de diferentes lugares ricos, para diásporas sonoras sempre inesquecíveis.

Reivax au Bongo é o resultado de uma autêntica imersão na fictícia região africana do Bongo, em boa verdade tratando-se de uma joint venture com músicos do Congo, acima de todos com o dono das vozes mais marcantes do disco, Bony Bikaye.
Uma imersão de tal ordem que mal se sente o europeísmo do resultado, antes daqui se extraíndo uma espécie de "bonguismo" com um europeu pelo meio.

O propósito não é inédito, nem o resultado o torna o melhor disco de fusão da história da música (escolha reservada talvez para Eno & Byrne, em My Life in the Bush of Ghosts), mas raramente o inter-culturalismo teve na música contemporânea uma honestidade como a que encontramos nesta obra de 1988.

Disco hoje difícil de encontrar, Reivax au Bongo teve mais dois irmãos de muito elevado nível: Sahara Blue (dedicado à música do norte de África, com Cheb Khaled, entre outros) e Chansons des Mers Froides (resultado da ida cultural de Zazou à Escandinávia, com o poeta Arthur Rimbaud, e com a chamada de Bjork e das Värttina, por exemplo).