Há entre estes dois àlbuns dos XTC uma enorme proximidade - para além da contiguidade de edição, em 1999 e 2000 - que resulta óbvio dos títulos.
Há depois uma surpreendente dissonância na afirmação de um e de outro. Como se o vol. II, com o título complementar Wasp Star, fosse um disco de teenagers e o vol. I o produto do amadurecimento criativo.
O vol. I de Apple Venus, com a sua distintiva capa de pena de pavão em relevo, traz-nos uma sucessão de canções sincopadas, basicamente acústicas. Já o vol. II faz uma incursão desabrida pela electricidade e pela velocidade, com canções com uma veemência que não desmereceriam aos mais aguerridos contemporâneos do Britpop. Daí talvez a sua capa negra, visceral.
Mas a série Apple Venus é muito mais que "música do seu tempo", como também mais importante que a sua inter-dinâmica é perceber-se como um núcleo de criadores estável, Andy Partridge e Colin Moulding (atenção às entrevistas da BBC para que nos conduzem os links ), consegue manter a sua arte tão em riste 22 anos depois do começo, fazendo nas imediações de 2000 canções com a mesma, senão mais, força que em 1978, ou 1979.
Como já antes referimos no DIVERSUS, os XTC serão com probabilidade a melhor banda Pop de sempre. Perto deles, talvez apenas os Beach Boys.
Ainda antes de outras inserções que melhor sustentarão a nossa convicção, a designação para esta lista de Apple Venus fica como um primeiro desafio, talvez a melhor forma de entrar nos XTC de quem não os conhece ou mal os ouviu.
Destacar canções é aqui ainda mais difícil que o habitual, mas mesmo assim arriscamos com duas, uma com Andy, outra com Colin na voz líder: Stupidly Happy e Standing in for Joe, ambas do vol. 2.