terça-feira, 9 de maio de 2006

Grandes àlbuns - Ege Bamyasi, dos Can



Em 1972 a música Pop estava em autêntica encruzilhada, como se se tratasse do prelúdio de algo de importante (de facto prelúdio da explosão britânica da segunda metade dessa década, prelúdio da força Pop dos anos 80). Nesse ano, o predomínio mediático estava com os sons mainstream e auto-contemplativos anglo-americanos e tudo se desconhecia para além disso.

Ege Bamyasi é a confirmação que a música portadora do bichinho da mudança morava em outro sítio, vestia outros sons.

Holger Czukay, Irmin Schmidt e Jaki Liebezeit, com Damo Suzuki nas vozes, vinham da Alemanha, e tinham já então variadas obras experimentais gravadas (a mais interessante delas, Future Days), sempre procurando o cruzamento entre jazz, às vezes o hoje chamado de música "world" e sempre o rock.

Mas este foi o àlbum em que Czukay, seu líder e eminente personalidade da música experimental, aluno de Karl-Heinz Stockhausen (mestre da música contemporânea, autor do fantástico Mantra), mais soube puxar os Can para a eternidade, dando-lhe um cunho Pop tal que ainda hoje, mais de 3 décadas depois, aí sentimos podermos encontrar novos ângulos e daqui se extraírem outras influências.

Obra não fácil, Ege Bamyasi requer várias audições, na promessa de mais tarde que cedo nos recompensar com aquele suco vital de que se fazem as performances históricas da música popular.