Bem se pode dizer dos Kudu, em Death of the Party, que testam qualquer melómano, recolocando o clássico dilema de sempre: é este som demasiado Pop, no sentido de fácil demais, feito para top's e rádios FM, pensado para teens e para mero impulso de compra, ou é ele coisa verdadeiramente nova, pedra bruta com ouro escondido?
Por vezes a resposta não é linear e deste duo de Brooklyn, New York, meses depois da sua revelação e da passagem por palcos lisboetas, o que remanesce é a sensação do vício crescente, ou o gosto pela descoberta de novos ângulos algo obscurecidos dentro de um disco cheio de boas ideias.
Death of the Party lembra-nos depois uma categoria musicológica sem grandes intérpretes desde os B-52's, que poderiamos designar de Fresh Pop, caracterizada pelo despretensiosismo formal, pelo refrão directo, pela composição simples e em poucos acordes.
Facto curioso, no alinhamento escolhido os Kudu começam com Hot Lava, e Lava era a quinta canção do alinhamento trazido em 1979 pelos B-52's para a sua (escaldante) estreia.
Para sustentar a nossa tese de similitude eis as propostas de audição, extraidas do inevitável YouTube, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Vistos como parte da fileira B-52's (voltaremos em breve à banda de Athens, Georgia) os Kudu parece poderem ser já bem mais que mero fenómeno transitório, e deixam-nos prever grandes cometimentos in years to come, para além de nos legarem um disco capaz de gerar prazer intenso, ou, dito de outro modo, uma espécie de doce vício.