Peter Gabriel com Youssou N'Dour, "Biko"

Esta interpretação do clássico de Gabriel tem uma importância muito particular: para lá de ser das melhores interpretações ao vivo que lhe conheço, ocorreu 10 anos depois de escrita, 8 anos depois de editada (no álbum "Peter Gabriel 3")e 2 anos antes de a vitória na luta por décadas travada naquele povo contra a discriminação racial, pela causa dos direitos de cidadania, ter prevalecido.
Á distância de quase 20 anos, esta mensagem de empenho cívico faz pensar quanto por vezes até os pequenos contributos podem ajudar nas grandes mudanças.
Talvez este "Biko" tenha ajudado mesmo mais que apenas um pouco na revolução que levou a África do Sul da indignidade de um estado pária à pátria milagrosa de Nelson Mandela, terra de paz e de reconciliação depois de ter sido lugar de ódio, segregação e violência.
Eu acho que este hino à vida assassinada de Stephen Biko, camarada e amigo de Mandela na prisão, desempenhou o papel que Peter Gabriel desejou, fazendo o mundo vibrar e sentir. Há 27 anos recordo toda uma geração de teenagers que com ele pela primeira vez ouvimos falar daquele país que constitucionalizara a discriminação racial. E depois, que grande música.