terça-feira, 28 de julho de 2009

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Michael Jackson e a memória

Todos sabemos que a memória é sempre selectiva, e é efémera, e deixa ficar preso por resíduos o âmago das coisas e das pessoas.
Michael Jackson foi um bom músico Pop, bem trabalhado pela indústria e genialmente reformatado por um fantástico produtor musical, Quincy Jones.
O álbum "Off the Wall", em 1979, cristalizou o melhor de Michael. Já o bom disco de canções que é "Thriller" tinha sobretudo a mão de Quincy, no género "featuring Michael Jackson".
Estou a caricaturar, é claro.
O facto é que depois de "Thriller" Michael deixou de existir enquanto fenómeno musical vivo. Continuou depois o fenómeno cultural, cada vez mais extra-musical.
Quando por estes dias, levianamente, por todo o lado se ouve falar de Michael como o "rei da Pop", é preciso registar bem que a música Pop não tem nem nunca terá reis. Nem mesmo Elvis Presley. Nem tão pouco os Beatles.
A música Pop é como a memória, efémera por definição e felicidade. Quanto muito, grandes fenómenos Pop têm boas fases, períodos de brilho. Mas depois sempre perdem fulgor e evanescem naturalmente. A Pop é necessariamente orgânica.
E, não saindo da América e da negritude, Marvin Gaye, Curtis Mayfield, ou até Prince seriam sempre mais "reis" que Michael foi ou poderia ter sido.
Mas tenho de reconhecer que composições com a força deste "Don't Stop 'Til You Get Enough", a abertura de "Off the Wall", podem suscitar legítimas dúvidas sobre se Michael Jackson tinha ou não, afinal, o rasgo tão próprio dos génios.

e qual foi afinal o melhor álbum do primeiro semestre de 2009, hum?



domingo, 5 de julho de 2009

os discos grandes de Junho

Georg-Philipp Telemann. Brockes Passion. direcção de René Jacobs. 2009
In Flagranti. Brash and Vulgar. 2009
Grizzly Bear. Veckatimest. 2009
Tiago Gomes & Tó Trips. Vi-os desaparecer na noite. 2009
the Felice Brothers. Yonder is the clock. 2009
Nathan Fake. Hard Islands. 2009
Moderat. Moderat. 2009

Joshua Redman em Cascais é já no dia 9



Vai um argumento para se ir ouvir Joshua Redman ao Parque da Cidadela, em Cascais?
É que o álbum "Compass", publicado mundo fora no início de 2009, é um prodígio de elegância e beleza.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

há quem se refira ao Jazz de Kenny Barron como açucarado

a provada vitalidade dos Soapbox


Os Soapbox fazem uma música encantadora e mostraram esta noite, na Musicbox, que têm a força necessária para se afirmarem como um dos melhores projectos activos da cena portuguesa. Foi um concerto pleno de pujança, maduro, tecnicamente refinado, culturalmente absorvente.
Percebe-se um belíssimo trabalho de coesão, onde pontua uma excelente secção rítmica (a Sally e o Jota), uma guitarra versátil e dominadora (do Simão), teclados e sons virtuais manipulados com elevado sentido profissional pelo Coach e há a voz do Gonçalo, mais longe da inspiração Antony, por isso mais perto da sua própria banda, que conduz e em que se integra magnificamente.
Falta agora o registo em disco, com os cuidados que permitam consagrar o que não deve perder-se, a força deste excelente momento de musicalidade dos Soapbox.