the Juan MacLean, "Give Me Every Little Thing"

Os sons da DFA e Lisboa: um caso sério. Os Juan voltam ao Lux para um DJ Set na pista. É já em Fevereiro.

David Ruffin, "Statue of a Fool"

Do baú da Motown Records saíram muitos pequenos génios da música Soul. Muito poucos perduraram e menos ainda sobreviveram ao crivo europeu. Como David Ruffin. E no entanto a sua força era esta. Tocante.

Mr. Oizo, "Positif"

Alva Noto, "Prototype 6"

A música experimental é por vezes difícil, sobretudo se toca o minimalismo. Com Carsten Nicolai, o homem que publica como Alva Noto, o arrojo toma por vezes feições metafísicas, muito perto do silêncio do negro infinito do Cosmos. Mas é ainda música.

"Waltz with Bashir", um filme sensível

"Waltz with Bashir/A Valsa de Bashir" exibe-se por estes dias em Portugal. É uma animação a 3 dimensões que nos fala como nenhum actor real falaria. Os bonecos do filme, verdadeiros personagens, parece terem densidade própria, fazendo desfilar as ansiedades e os medos próprios das guerras com um realismo que chega a incomodar.
Ao contrário de outras animações, aqui não se espera sorrisos, mas meditação, transporte do espectador para a pele do homem que se parece com um boneco. E aquele homem perdeu a memória de quem matou e como matou. Vai por isso revisitar companheiros dos massacres que também ele perpetrou no Líbano em 1982.
No fim, a animação transmuta-se em imagens reais, documentos de mortos verdadeiros, sangue e dor. Por isso, com absoluta propriedade, se avisa no início que este filme se baseou em factos reais. Ou melhor, em "actual facts". É um filme israelita. Oportuno. Muito sensível.

Animal Collective, "My Girls"

Ainda agora começou e 2009 já tem 2 álbuns de canções para meter no bolso e levar por todo o lado, ouvindo-lhes as entranhas todas tantas vezes quantas a paciência o permitir.
Um é o fabuloso "Merriweather Post Pavilion", de onde sai esta fantástica cançoneta. O outro já se sabe que é "Noble Beast" do Andrew Bird. Duas maravilhas, ponto final.

Andrew Bird feat. Dianogah, "Lull"

Um dia ouvi Andrew Bird de perto, no S. Jorge, em Lisboa. O fato posto, as meias vermelhas, sem sapatos. Foi um pouco como se me deitasse com gravata, ou entrasse na banheira com o cinto posto e sem calças.
Andrew tem um lugar trovadoresco na canção de hoje que é diferente, embora próximo, do de outros seus conterrâneos como Kurt Wagner, Bonnie "Prince" Billy ou Howe Gelb.
Dificilmente classificável.
Já "Lull" está presente no longínquo álbum "Weather Systems", publicado muito antes de na Europa lhe conhecermos o assobio. A bonita curta-metragem é de Lisa Barcy. E é tudo bonito.

Maria Schneider Orchestra com Luciana Souza, "Choro Dançado"

Por vezes, o Jazz chega-se à música popular e então já não é bem Jazz. Passa a ser outralgo, nem interessa sequer defini-lo, ou se é melhor, se pior.

Elvis Costello & Burt Bacharach, "Painted From Memory"

Um dia dois génios de lugares diferentes juntaram-se e fizeram algo de absolutamente magistral. O disco chama-se, tal qual esta canção, "Painted From Memory". Cada uma das pequenas peças de lá de dentro é um clássico. E para algumas como esta mesma faltam sempre as palavras que seria necessário usar.

Murcof, "Rostro"

Murcof é uma palavra enigmática que esconde mais um fantástico músico latino-americano culturalmente exilado na Europa. No caso um mexicano, Fernando Corona.
Murcof tem um lugar peculiar e estranho na música, entre o depressivo e o silêncio. É um lugar só seu, que também bebe do experimentalismo e de um certo Jazz nórdico, contemplativo e quase àrido.
"Rostro" tem quase 4 anos. Apareceu no disco revelação para muitos, "Remembranza".
Murcof faz recordar Virginia Astley, mas também o seu quase conterrâneo Ricardo Villalobos, se se desligasse a electricidade. É afinal uma música com dotes terapêuticos, capaz de fascinar e enlear. Como qualquer bom medicamento, precisa ser tomado na dose certa, para que não mate e faça viver.

os Kasai Allstars, colheita de 2008

quinze dias depois, a lista de 2008 da "Wire"

The Wire - 2008 Rewind List - Top 50 - Records of the Year!

01. The Bug - London Zoo [Ninja Tune]
02. Philip Jeck - Sand [Touch]
03. The Hospitals - Hairdryer Peace [no label]
04. John Butcher - Resonant Spaces [Confront]
05. Gang Gang Dance - Saint Dymphna [Social Registry]
06. The Advisory Circle - Other Channels [Ghost Box]
07. Evangelista - Hello, Voyager [Constellation]
08. William S. Burroughs - Real English Tea Made Here [Audio Research Editions]
09. The Fall - Imperial Wax Solvent [Sanctuary]
10. The Caretaker - Persistent Repetition of Phrases [Install]
11. Kevin Drumm - Imperial Distortion [Hospital Productions]
12. Ryoji Ikeda - Test Pattern [Raster-Noton]
13. Nick Cave & The Bad Seeds - Dig!!! Lazarus, Dig!!! [Mute]
14. Eric Chenaux - Sloppy Ground [Constellation]
15. Kasai Allstars - In the 7th Moon, the Chief Turned Into a Swimming Fish and Ate the Head of His Enemy By Magic [Crammed Discs]
16. Autechre - Quaristice [Warp]
17. Dusk + Blackdown - Margins Music [Keysound]
18. Luomo - Convivial [Huume]
19. Bill Dixon - 17 Musicians In Search Of A Sound: Darfur [AUM Fidelity]
20. Stephan Mathieu - Radioland [Die Schachtel]
21. Lukas Ligeti - Afrikan Machinery [Tzadik]
22. Hercules & Love Affair - Hercules & Love Affair [DFA]
23. Group Inerane - Guitar From Agadez (Music of Niger) [Sublime Frequencies]
24. Jandek - Glasgow Sunday 2005 [Corwood]
25. Robert Ashley - Concrete [Lovely Music]
26. Tricky - Knowle West Boy [Domino]
27. Arthur Russell - Love Is Overtaking Me [Audika]
28. Scorces - I Turn Into You [Not Not Fun]
29. Earth - The Bees Made Honey In The Lion's Skull [Southern Lord]
30. Terry Riley - The Last Camel In Paris [Elision Fields]
31. Malcom Goldstein - A Sounding of Sources [New World]
32. Christina Carter - Masque Femine [Many Breaths]
33. Stereo Image - s/t [Frog Man Jake]
34. Harvey Milk - Life... the Best Game In Town [Hydra Head]
35. Vampire Weekend - Vampire Weekend [XL]
36. Emeralds - Solar Bridge [Hanson]
37. Maryanne Amacher - Sound Characters 2 [Tzadik]
38. Portishead - Third [Universal]
39. Toumani Diabate - The Mande Variations [World Circuit]
40. Jakob Ullmann - Voice, Books and FIRE 3 [Editions RZ]
41. David Grubbs - An Optimist Notes the Dust [Drag City]
42. Vajra - Live [PSF]
43. Murcof - The Versailles Sessions [Leaf]
44. Josephine Foster - This Coming Gladness [Bo' Weavil]
45. Peter Rehberg - Works for GV 2004-2008 [Editions Mego]
46. Alva Noto - Unitxt [Raster-Noton]
47. Mark Stewart - Edit [Crippled Dick Hot Wax]
48. Sic Alps - US EZ [Siltbreeze]
49. Ellen Fullman & Monique Buzzarté - Fluctuations [Deep Listening]
50. Sao Paulo Underground - The Principle Of Intrusive Relationships [esthetics]

para a citação integral clicar aqui

The Bug Feat. Warrior Queen, "Poison Dart"

A majestosa "Wire" elegeu "London Zoo" dos Bug o melhor álbum de 2008. Será que eles têm razão? De facto, de cada vez que se reouve este "Poison Dart" fica uma sensação estranha qualquer e instala-se a dúvida sobre se se compreendeu toda a força deste heavy Dubstep. E quando assim é resta uma solução: ouça-se novamente, se possível ainda mais alto.

Frankie Goes to Hollywood, "Two Tribes"

Vinte e cinco anos depois e ainda a mesma força.

good ugly classics: House of Pain, "Jump Around"

Outras máximas aplicáveis: play around; jump loud.

De La Soul da colheita original, fonte de vida e futuro

Karen Gibson Roc & Dub Gabriel, "Spirits Made Flesh"

Isolée, "Beau Mot Plage"

Um clip de contrastes, onde techno rima com contemplação e normalidade. O que será feito de Isolée?

Menahan Street Band, "Make the Road By Walking"

Para conhecer de perto, talvez, um dia destes, num Casino perto de nós?

a música com cores de Buika, "La Falsa Moneda"

David Karsten Daniels, "Falling Down"

memorabilia: Laurie Anderson em 1984

Jimmy Smith & Kenny Burrell, "Organ Grinder's Swing" (1993)

Seria talvez 1984, ou 1985. O José Alberto Maio era um emigrante açoriano de Angra do Heroísmo, orgulhoso dos sinais americanos que a proximidade das Lajes permitia. Ele eram os Ray Ban "de aviador", ele era o gravador de fita de grande bobine, elas eram as colunas espantosas, enormes e feitas de madeiras nobres, eles eram os discos que ninguém conhecia. Foi no seu quarto de àguas furtadas, próprio de um verdadeiro refugiado em Lisboa, que pela primeira vez ouvi Jimmy Smith e o seu órgão tão característico. Foi também nessa tarde de um sábado que me estreei na compreensão das diferentes respirações que o Jazz permitia. É o crédito que o Zé Alberto tem para comigo.
Já Kenny Burrell chegou mais tarde, por ocasião de uns quaisquer saldos em Lisboa. E nunca mais saiu das minhas imediações.

the Dining Rooms, "Tunnel" e "Thank You?"

E depois, um dia, tudo faz sentido. A Schema Records tem feito mais pela música moderna do que até a nós nos parecia e os Dining Rooms (de Stefano Ghittoni e Cesare Malfatti) várias vezes nos passaram ao de leve. Mas a sua marca era, talvez, demasiado subtil, deixando-se a música desfiar ligeiramente, quase sem se notar. É uma zona sensível, quase dorida, esta que um dia nasceu em Milão, Itália.

vêm do Brasil e têm Jazz: os Azymuth

E.S.T., Leucocyte

Há quem chame Jazz a este som do trio de Esbjörn Svensson, gravado o ano passado algures na Austrália e remisturado em Gotemburgo. Mas, poderia também chamar-se-lhe de música contemporânea, experimental, free-jazz, post-rock, e talvez ainda haja mais algumas possibilidades de o classificar. Mas será que vale a pena decidirmos como chamar a este som? É bom? É desafiante? Eu acho que sim.

Sufjan Stevens, "John Wayne Gacy Jr"

As harmonias vocais e melódicas de Sufjan Stevens fazem lembrar muito do melhor património de Simon & Garfunkel. E esse é já um tremendo cartão de visita deste americano visionário dos nossos dias.
Uma canção encontrável em "Illinoise", de 2005.

e o ano começa com Jen, um portento de Washington, "Inside Out"