sábado, 29 de abril de 2006

Os Cindy Kat ao vivo, esta madrugada, na FNAC


Da audição dos Cindy Kat esta noite ficou-nos uma sensação dupla: a presença de Pedro Oliveira (vocalista dos Sétima Legião) é manifestamente prejudicial, por cristalizar o som e a personalidade em palco do grupo, tornando-o numa espécie de Sétima Legião II (20 anos depois do seu tempo); já a presença repetida do convidado Sam, pelo contrário, engrandece e solta os Cindy Kat num som vibrante e com alma.

E foi mesmo momento forte quando um Sam prodigioso pegou nos Cindy Kat e fez com "Fix my Phaser" o único e verdadeiro espectáculo desta noite.


Play it again, Sam.

sexta-feira, 28 de abril de 2006

A próxima tentação: FINK

Enquanto o àlbum não chega à SYMBIOSE (a previsão aponta para o fim da próxima semana), aqui fica o "link" para a audição urgente de FINK e do seu prometidamente excelente "Biscuits for Breakfast".

Um minuto por faixa, eis o convite.

terça-feira, 25 de abril de 2006

O nosso Top 100: os 100 melhores àlbuns das músicas populares

Seguindo uma tradição com cerca de 25 anos, iniciamos em Abril de 2006 a actualização da Lista dos 100 melhores àlbuns da história das músicas populares.
Como habitualmente também, excluiremos os trabalhos feitos em Portugal, considerando que não teriamos distanciamento suficiente para os avaliar.

Em jeito de aperitivo, revelamos aqui o Top 10 de partida, muito seguros que no termo da publicação do Top 100 alguns deles por certo já não estarão, e que, se estiverem, talvez então em outra ordem.


1. Xtc - Nonsvch
2. Tom Waits - Swordfishtrombones
3. Talking Heads - Remain In Light

4. The Clash - London Calling
5. Microdisney - The Clock Comes Down The Stairs
6. Morphine - Cure For Pain

7. Velvet Underground - The Velvet Underground & Nico
8. John Cale - Honi Soit
9. Young Marble Giants - Colossal Youth
10. The Specials - The Specials

domingo, 23 de abril de 2006

Elephant, de Gus Van Sant


Hoje vi Elephant.

A história é por demais conhecida, até pela sua presença na memória televisiva recente: o morticínio causado em liceu comum por rapazes aparentemente muitíssimo comuns.

É de modo simples, mas fortíssimo, que acontece a encenação em Elephant, conseguindo mostrar o mais invulgar e terrífico fenómeno na sua maior naturalidade original.

A vertigem que Elephant nos traz é a da representação do caos que há talvez em todos...e em cada um de nós.

A morte naquele liceu não tem, em Elephant, sequer a marca que associamos ao belicismo da sociedade americana, o que teria sido até confortável, arrumando-se a preocupação no Outro, neste caso o Outro sendo o americano comum, obeso, banal, como reconhecemos do estereótipo cultural.
O massacre de Columbine, em 1999, que é ponto de partida para Elephant, pode afinal suceder em qualquer cidade do mundo. E isso bem sabemos nós, deste outro lado do Atlântico.
Há apenas poucas semanas sucedeu no Porto, não em Columbine, o assassínio de um homem, provavelmente com requintes de diversão juvenil, às mãos de miúdos tão comuns como os de Elephant.

Sem necessitar de criar verdadeiro espectáculo, Elephant é um inteiro portento fílmico, destacando-se a mestria com que manipula o tempo dramático, aparentemente inferior ao tempo real que demora, uns 80 minutos.
Tudo tão rápido, para ver se percebemos que os tempos de hoje, como os de ontem (ver a referência hitleriana, nas imagens citadas em Elephant), não nos deixam mesmo a coberto da loucura...que afinal quase seguramente até nos habita também a nós os dois, solitário leitor.

sábado, 22 de abril de 2006

Black Dice - um desapontamento ruidoso


Quando o ruído predomina e aleija os ouvidos, sem se encontrar sentido que o justifique, então não fica espaço para a música.
Na galeria ZDB, ao Bairro Alto, nesta noite molhada de sexta para sábado, os Black Dice mostraram o lado negro da arte, um negro de absoluto vazio.

Uma sensação de pobreza em inteiro contraste com outras tentativas de do ruído se chegar à música, onde campeiam interessantíssimas memórias vivas como as de Glenn Branca, Test Department, Jesus & Mary Chain, ou, já nos anos mais próximos, Tortoise, Ui ou Godspeed You Black Emperor.

Um pouco melhor, foi o início da noite com Panda Bear, a metade do célebre duo Animal Collective.

Bastante medíocre pareceu a acústica da sala (a confirmar em futura ocasião) e, em definitivo, é insuportável a quase nula ventilação.


Muito melhor nesta noite foram o Bairro Alto e o bacalhau real do Bota Alta. Este confirmado unanimemente como o verdadeiro "main course" da ocasião.

sexta-feira, 21 de abril de 2006

XTC


Nem Beatles, nem nada que se pareça. Os melhores resultados na história da música Pop foram e são dos XTC, de Andy Partridge e Colin Moulding.

Talvez o melhor àlbum Pop de sempre, Nonsuch é a nossa prova definitiva.
Take a listen, will you?

a esperança desta noite (na Zé dos Bois)



sábado, 15 de abril de 2006

Nathan Fake


Tem vinte e três anos, um laptop com software Cubase e uma caixa de ritmos.
Os pais eram agricultores e a sua vida de teen desperta-o para a insatisfação de viver numa das mais banais e desinteressantes regiões inglesas, Norfolk, longe do cosmopolitismo de Londres, Manchester ou Liverpool.
Chegou então a habitual vontade de fazer covers e o inevitável mimetismo dos standards Pop de há 6 ou 7 anos, ainda no liceu. Desde logo com a ajuda da mesma caixa de ritmos que ainda hoje o acompanha.
Mas era só uma questão de tempo até chegar a vontade de fazer novo.
Algures no tempo surge a compra do laptop, e o interesse pelas sonoridades infindas que de um PC portátil amplificado se pode extrair. Chegam as primeiras composições, poucas, sucessivamente trabalhadas em casa, só muito depois em estúdio.
O resto da história são mais de 2 anos até chegarmos a "Drowning in a Sea of Love", o melhor àlbum de 2006 que até agora conhecemos.
"Granfathered", "Bumblechord", ou "The Sky Was Pink" (este o primeiro hit, ainda em 2004) são composições de arrepiar qualquer espírito vivo.
Em entrevista recente à revista "Mixmag", Nathan revelava o pavor de quando teve de actuar para 5.000 (na Bélgica) e a sua preferência por performances em bares com não mais que 30 ou 40, sempre acompanhado apenas de um segundo camarada - Vincent Oliver, o seu editor - que se ocupa da projecção video.
Enquanto ansiamos pela sua vinda a Portugal, para performance idealmente em espaço pequeno, fica o desafio para o consumo massivo deste som - o àlbum acabou de chegar aos escaparates da FLUR - uma espécie de poção encantatória, talvez somente não muito aconselhável a estados de paixão em curso...pois pode amplificar severamente.
Entretanto uma possibilidade de AQUI se ouvir as músicas, alguns full live acts e as palavras de Nathan.

sábado, 8 de abril de 2006

Os Sofa Surfers ontem, no Club Lua


Todos eles figuras sólidas da modernidade musical europeia, Mani Obeya nas vozes, Wolfgang Frisch na guitarra, Timo Novotny no baixo e electrónicas, Markus Kienzl nas electrónicas, Michael Holzgruber na bateria e Wolfgang Schloegl (I-Wolf) também nas electrónicas, no segundo baixo e nos vocais de suporte arrasaram ontem a audiência - curta, pois pequeno é o espaço também - do Club Lua, com uma demonstração vibrante e eléctrica, em grande medida retirada do mais recente àlbum, de 2005.
A voz com alma de Mani Obeya, novidade do último ano, acrescenta densidade espectacular aos Surfers, conferindo-lhe a energia Pop que com eles nunca se revela em excesso.
Foi afinal um privilégio assistir a uma performance de muito elevado calibre, em que se confundiram heavy dub, electrónica e puro Pop, nunca se renegando a marca ainda viva e saudosa da Viena de Áustria dos anos 90, ontem variadas vezes convocada ao palco do Club Lua.