sábado, 19 de dezembro de 2009

os 50 melhores álbuns de músicas Pop de 2009

1. Inspiration Information 3. Mulatu Astatke & the Heliocentrics
2. Liedgut. Atom TM
3. Still Night, Still Light. Au Revoir Simone
4. Bitte Orca. Dirty Projectors
5. The bright Mississipi. Allen Toussaint
6. II. Lindstrom & Prins Thomas
7. Rules. the Whitest Boy Alive
8. Let's change the world with music. Prefab Sprout
9. Take my breath away. Gui Boratto
10. Dr. Boondigga & the Big Bw. Fat Freddys Drop
11. Nuclear evolution: the age of love. the Sa-Ra Creative Partners
12. Lord Newborn & the Magic Skulls. Lord Newborn & the Magic Skulls
13. Midtown 120 blues. DJ Sprinkles
14. Breath & Vulgar. In Flagranti
15. Merryweather Post Pavillion. Animal Collective
16. March of the Zapotec and Realpeople Holland. Beirut
17. the Burgenland dubs. Ian Simmonds
18. Blackbelt Andersen. Blackbelt Andersen
19. Moderat. Moderat
20. Noble Beast. Andrew Bird
21. Yonder is the clock. the Felice Brothers
22. plays the Dining Rooms. Christian Prommer's Drumlesson
23. Hospice. the Antlers
24. Blacksummer's night. Maxwell
25. Structure. Black Jazz Consortium
26. Hold Time. M. Ward
27. Tummaa. Vladislav Delay
28. Veckatimest. Grizzly Bear
29. the XX. the XX
30. the future will come. the Juan MacLean
31. Hard Islands. Nathan Fake
32. the Pains of Being Pure at Heart. the Pains of Being Pure at Heart
33. Space beyond the Egg. the Emperor Machine
34. Tradition in transition. Quantic & his Combo Barbaro
35. What have you done my brother?. Naomi Shelton & the Gospel Queens
36. Vs. Children. Casiotone for the Painfully Alone
37. Symptoms. AGF/Delay
38. Treasury library canada (2006-2009). Woodpigeon
39. Begone Dull Care. Junior Boys
40. Brooklynati. Tanya Morgan
41. Sometimes I Wish We Were An Eagle. Bill Callahan
42. Beware. Bonnie Prince Billy
43. Immune. Bodycode
44. Grains. Boozoo Bajou
45. Set'em Wild, Set'em Free. Akron Family
46. Ballads. Ekkehard Ehlers
47. Songs About Dancing and Drugs. Circlesquare
48. Ben Harper & Relentless 7: White lies for dark times. Ben Harper
49. Gris Gris. MachineFabriek
50. Good or Plenty, Streets + Avenues. Animal Hospital

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

um semi-adeus ao Diversus

O Diversus lá fez o seu caminho de largos anos. Neste finalzinho de 2009 entendemos que já faz pouco sentido separar a música do resto da vida. Será por isso no lugar em que falamos mais da vida em geral, no Café Clube, que as músicas e o resto do Diversus continuarão a passar mais regularmente.
Este não é o momento da morte do Diversus. É apenas a ocasião em que experimentaremos a força da música no seu meio mais natural. Como se a vida fosse um café concerto.
Uma coisa é certa, voltaremos ao Diversus sempre que o fôlego necessário for maior. Será o caso das listas Diversus, dentro de semanas. Aqui mais em extensão, no Café em versão mais reduzida. Vemo-nos por aí.

domingo, 1 de novembro de 2009

da dor de quando morrem as nossas referências


Na morte do António Sérgio, de que soube há poucas horas, não perdi apenas alguém que pontuou a minha viragem cultural dos teens para os 20's, ou do liceu para a faculdade. Em mais que um sentido posso mesmo dizer que o que me ligou, o que me liga ainda ao António Sérgio é a proximidade mais própria de um familiar.
E morrer aos 59 anos é uma daquelas injustiças que o António Sérgio, eu e não sei quantos milhares que o conhecemos e com ele "navegámos" não mereciamos.


Conheci pessoalmente o António Sérgio em 1982, eu um anónimo de 19 anos, ele já então um consagrado mentor da rádio moderna portuguesa.

Quando o conheci trocámos discos. Eu pedira-lhe por telefone - sim, que o António Sérgio atendia mesmo o telefone aos seus escutantes - que me emprestasse discos dos A Certain Ratio (o "To Each...") e dos Gun Club (o "Miami"). Perguntou-me então se eu também teria algum disco interessante que ele pudesse não ter. Falei-lhe no disco desse ano dos Stiff Little Fingers, que por fortuna eu comprara na Feira da Ladra, o "Now Then", e logo anuiu.

Era um homem relativamente pequeno, e a sua voz quando nos conhecemos surpreendeu-me pelo volume. Era uma voz grave e musical, mas de baixo volume. E eu que durante mais de um ano o imaginara um homem grande e dotado de um vozeirão, como sempre pensamos nos nossos heróis.

Quando fui devolver-lhe os discos que me emprestara, generoso, trouxera logo outros, sem que eu lhe pedisse, um dos Cramps ("Songs the Lord Taught Us"?) e um segundo que já não recordo.

Ouvir o António Sérgio, entre 1980 e 1984, teve o deslumbrante efeito de me fazer subir de patamar de exigência. Foi com ele que escutei centenas de novas referências culturais, foi com ele que deixei a sedução do Pop mais fácil do "Rock em Stock" do Luis Filipe Barros e do Rui Morrison (ainda assim outro belíssimo programa de rádio e outro marco na minha paixão pela música). Mas o António estava bem mais adiante e foi para mim o grande facilitador a caminho de outros grandes divulgadores culturais, como o seu contemporâneo e felizmente ainda activo Ricardo Saló.

O António Sérgio era um homem dividido. Uma parte de si amava os sons europeus e norte-americanos mais inovadores e outra sua parte continuava ligada à música pesada.

Foi com António Sérgio que duas das grandes etiquetas da primeira metade da década de 1980 foram em Portugal divulgadas, a Factory Records e a 4AD. E tanto mais de inovador deu o António a escutar à minha geração, quantos sons, quantas etiquetas, quantos novos caminhos e possibilidades.

Há pequenos e maiores episódios soltos ligados ao António Sérgio que me povoam a memória, alguns tão marcantes como o seu empenho na divulgação do primeiro single ("Sémen") dos Xutos & Pontapés, ou a produção do primeiro álbum da então jovem banda de Almada.

Foi o António que impulsionou uma ímportante série de edições internacionais em Portugal, primeiro na etiqueta "Rotação" (da "Rossil"), depois na Dacapo.

Com o António lembro ainda inúmeros bilhetes para concertos que ganhei, ou singles, ou até álbuns.
Recordo sobretudo um disco que ganhei com o António Sérgio, por altura de uma vinda a Portugal dos Teardrop Explodes de Julian Cope.
Como pergunta de aferição, perguntava o António sobre o que poderia acontecer que fizesse perigar a qualidade do espectáculo da banda de Liverpool. Recordo-me bem da minha resposta: que os metais exibidos em "Wilder", o segundo álbum nessa mesma altura editado, tinham um papel de tal forma menos homogéneo e menos natural e entrosado face ao seu álbum de estreia, que o concerto arriscaria fazer perder a força encontrável no anterior "Kilimanjaro".
Teremos então estado uns 3 a 4 minutos ao telefone, até que o Sérgio se convenceu do risco para que o alertava, disso se fazendo eco depois em antena.

Reencontraria eu o António largos anos depois em antena na rádio Voxx, pela mão do seu amigo e também ele cimeira referência da música contemporânea o Luis Montez.
Nessa altura, mais de uma década depois do primeiro contacto com ele, as minhas referências culturais tinham já mudado muito e dificilmente me revia nas escolhas do António.
Mas nenhum afastamento, nem quase 3 décadas de uma provável divergência cultural apagam aquilo que entre os homens perdura de melhor, a comunidade do bom património. E é parte desse património que hoje sai a perder, com a perda de um amigo e de um enorme vulto do meu tempo de jovem. Recebe lá um abraço ó António.











a noite em Lisboa de Jon Hassell, o filósofo


Esperei alguns dias para escrever sobre o concerto de quarta-feira de Jon Hassell, acontecido no Teatro Maria Matos.
No fim Jon Hassell veio lamentar-se de uma performance em seu entender desapontante. Talvez também essa desconcertante atitude tenha relativizado o efeito do que se tocou nessa noite de Lisboa.
Como um dia um poeta popular bem perguntava, pode alguém ser quem não é?
A música mais recente de Jon Hassell deixou-se seduzir por uma dimensão onírica que em termos de precedentes consigo situar no chamado Jazz nórdico, que também em Lisboa já antes escutei a John Surman ou terje Rypdall. A música de agora (última década) de Jon destaca-se pelo quase paisagismo tão patente em "Last Night the Moon Came Dropping Its Clothes in the Street", o portentoso disco de 2009.
Nada de errado pois em fazer assentar uma performance ao vivo na produção mais recente com a Maarifa Street, hoje, por sinal, integrando dois músicos moruegueses.
Ainda antes da auto-crítica final do génio norte-americano já o público tinha provado o respeito pelo resultado daquela ida. Não entusiasmo, mas respeito. Não bateu palmas entre trechos, mas aplaudiu longamente no fim dos quase 80 minutos.
É que não se tratava de um concerto Pop. Jon Hassell nunca foi um músico Pop.
Quanto a nós, sentimos bem o efeito nocivo do demasiado Pop que enche a nossa melomania de hoje. É preciso escutar ainda melhor Jon Hassell e aqueles que como ele estão além da tentação popular. Vem daí a conclusão de ter sido este um dos meus concertos do ano. Foram 80 minutos de um utilíssimo alerta cultural.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

as canções dos anos 2000

Por aqui e acolá muita gente vai fazendo balanços da primeira década. O Diversus é em si mesmo o lugar de já muitos balanços. Começamos então também hoje, neste caso com o primeiro desfile das canções com video que esta década deixou.
Como é costume, deve entender-se esta como uma escolha de agora. Dentro de alguns anos, ou apenas meses, a escolha seria obviamente outra.

sábado, 10 de outubro de 2009

discos de 2009: "Sometimes I Wish We Were an Eagle", de Bill Callahan

videos:


a capa:

lugares de encontro: Myspace; ; Amazon; Pitchfork; Ipsilon/PÚBLICO;

e porquê? Bill Callahan trouxe-nos com esta colecção de canções uma nova obra-prima? Não. "Sometimes I Wish We Were an Eagle" é apenas uma obra extraordinária de interioridade, portadora de um humanismo de proximidade, feita de sentimentos próximos e reconhecíveis. Aqui tudo é simples e sublime. Por agora, que levamos apenas uns poucos meses de conhecimento com o que gravou em 2009, atrevemo-nos somente a dizer que é outra vez muito gostoso escutar Bill e a sua voz grave, certo que pouco rica em cores, mas muito natural.
Bill Callahan, como já aqui várias vezes se escreveu, é com Kurt Wagner dos Lambchop e com Howe Gelb dos Giant Sand, parte do tríptico fundamental que nas últimas duas décadas resgatou o brilho da música de raiz rural norte-americana. Neste disco isso sente-se. Outra vez.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

há filmes mais belos que outros



"Into the Wild", um filme com dois anos de Sean Penn, fala de um caso real, o caso de Christopher.
O caso de Christopher foi passado a livro e depois adaptado por Sean Penn, que o tratou com seriedade, com carinho, com humanidade.
Christopher procurava pela sua identidade e julgava-se capaz de a encontrar na solidão mais extrema.
Porque morre ao tentar ser feliz e porque encontra a revelação do maior segredo da felicidade, a partilha, Christopher enganou-se e não se enganou.
O filme não tem de facto um fim feliz. A não ser para o espectador, que pode amá-lo. É um muito belo filme.

sábado, 3 de outubro de 2009

discos de 2009: "March of the Zapotec/RealPeople Holland", de Beirut

video:


capa:

lugares de encontro: wikipedia; Pitchfork; Artist Direct; Myspace

e porquê? a música deste duplo EP de 2009 é extraordinariamente bonita, tão bonita quanto sempre foram as canções que já antes conheciamos a Beirut/Zach Condon. Como eram as outras, também estas são simples e tristonhas melodias e os metais que nos enchem os ouvidos são certeiros, poderosos, parecem-se às vezes com vozes, às vezes com choros, outras com gritos. Não há na música popular outros metais assim, como não recordo outro som que em 2009 ultrapasse este que se reune em "March of the Zapotec/Realpeople Holland" em pura elegância. Um disco primoroso, este.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

é já dia 5, na Aula Magna, em Lisboa, as Au Revoir Simone

os discos de 2009: "Noble Beast", de Andrew Bird

video:


capa:

lugares de encontro: casa; bodyspace; allmusic

e porquê? "Armchair Apocrypha" tinha sido já um fantástico instrumento de revelação para os do Diversus. É preciso reconhecer que "Noble Beast" não melhora o nível magnífico e provavelmente irrepetível da obra de 2007. O que faz é acrescentar caminhos, somar ideias, recuperar com novas contribuições o brilho próprio que o criador de Chicago tem vindo a consolidar, o de um dos mais notáveis sons do classicismo Pop deste nosso tempo. E se é isso que "Noble Beast" nos traz, então terá de se reconhecer que é muito.