Heitor Villa-Lobos nas férias no Diversus

Musicalmente, teria várias possibilidades, nas férias que se seguirão.
Poderia pôr em dia a audição de muitas músicas acumuladas, ou reescutar álbuns que só ligeiramente escutei e que um dia me surpreenderão por lá de dentro se soltarem cançonetas que a desatenção perdeu em tempo certo.
Poderia tentar um ou outro festival, percorrer alguns dos concertos que o Verão ainda nos guardou.
Mas não. Nas férias o caminho é entre o que a rádio (Antena 2 ou Oxigénio) escolher e Heitor Villa-Lobos, o músico erudito maior que o Brasil viu nascer e que na sua vida fez casar a música dos salões e salas de ópera com os sons que a Amazónia e o interior profundo dos pantanais e das selvas tinham, têm, para ao mundo oferecer.
Ou seja, não vou ao Brasil em corpo, como tantos milhares de férias. Irei ao melhor que a alma brasileira criou para nos revelar. Brasil, o país do futuro, o lugar mágico mas ainda em construção onde o português, África e o mundo novo se juntaram numa encruzilhada de fábula. É para aí que vou em férias, com a música do (talvez) melhor de todos os brasileiros que já viveram.
Voltarei à escrita e ao Diversus em Setembro.

the Undertones, "Wednesday Week"

Neste ano de estoiro dos MGMT, dos theDo, dos Vampire Weekend, de Cut Copy, vale a pena perguntarmo-nos se antes deles já havia canções Pop perfeitas? Claro. Por exemplo esta. E já lá vão 28 anos. São cerca de dois minutos e onze bem perto do zénite criativo.

Tilly & the Wall, "Beat Control"

Podia ser quase um hino deste lugar. "Beat Control" é um ícone, embora, provavelmente, não seja a melhor canção do ano. Por ser demasiado curta. Chamemos-lhe pois um "Pop shot".

Kalabrese, "Hide"

Hot Chip, "One Pure Thought"

The Ruby Suns, "Tane Mahuta"

Qui, "Rev It Up"

Edwyn Collins, "A Girl Like You"

Patrick Cleandenim, "So You Think You're Gonna Live Forever"

Quem disse que já não se faz Pop como antes?

o som duro dos Wooden Shjips em "Dance, California" e "We Ask you to Ride"

Run DMC, "It's Like That"

Check this out.

the Notwist, "Where in this world"

Deadbeats, "Funky For You"

Se Miami algum dia mereceu um som só seu, então aí está ele.

Lindstrøm, "The Long Way Home (Prins Thomas Edit)"

Desde 2006 que no Diversus esperávamos isto. Só que não sabiamos se seria como é, tanto mais ouro para a constelação do maior, do único, do magnífico Hans-Peter Lindstrom, o homem-estrela que Oslo tem. E depois, quando o seu amigo e comparsa Prins Thomas ajuda na festa o resultado só poderia ser um, o melhor álbum de 2008 vai chegar ao mundo no dia 11 de Agosto. Em Portugal, que está um pouco para lá do mundo, "Where You Go I Go Too" chegará a 15 ou a 16. Disse-me o Zé Moura da Flur e eu acredito. O Verão de todos os melómanos lúcidos não será mais o mesmo.

Tilly & the Wall, "Pot Kettle Black"

2008 é o ano das músicas para saltar, mais que para dançar. Um bom hábito que é preciso recuperar. Ora saltai.

the Chemical Brothers, "Midnight Madness"

Leila, "Feeling"

Há 10 anos Leila cantava assim. O novo som de Leila está quase por aí. Há notícias de que as coisas se continuam a passar bem lá em cima, em lugar criativo a que muito poucos conseguem chegar.

Pony Hoax, "Pretty Tall Girls" e "Antibodies"

Ó Zé é este o som? Porreiro, pá.

Nneka, "Africans"

Ainda antes do notável compacto de ritmo que é "Heartbeat", Nneka deixava já luz com este som, a que poderiamos talvez chamar de Afrodub.

Portishead, "The Rip"

Jamie Lidell, "Hurricane"

Muito glamour e muito de Marc Bolan também na receita do soberbo "Jim", um álbum de canções gostosas, de que se gosta mais e mais a cada audição.

Tony Allen e o concerto do ano

Tony Allen deu ontem, no CCB, o melhor concerto que já (ou)vimos em 2008.
A sala encheu e todos os músicos que acompanharam Tony estiveram em registo de excelência.
Ao vivo o Afrobeat afirma-se com uma extraordinária força e a rítmica única do ex-baterista do rei Fela Kuti incendeia qualquer espírito.
A dada altura perguntou ele à plateia quem tinha tido a ideia de convocar uma sala com lugares sentados para a sua música, lamentando o azar de quem o ouvia.
"Sou um homem de poucas palavras" disse várias vezes, um pouco antes de referir que por ele tocaria até de manhã, desde que tivesse tempo de ainda apanhar o avião.
E considerando a magia atingida pela sua música poucos duvidaram que Tony Allen pudesse e quisesse fazê-lo. Mas dois encores depois tudo acabou.
Foi uma grande noite.

MGMT, "Time to Pretend"

Porque a canção Pop do ano merece ser ouvida em todas as versões disponíveis, "time and time again".