sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Por uma grande canção de 2006 - "I'm a Believer", dos Aqua Bassino

Quando I'm a Believer começa a rodar percebemos como é enorme esta canção, uma peça imparável para todas as pistas de dança e para todos os estremecimentos, em casa, no carro ou de qualquer outro modo ou circunstância, a caminho da alma.


O álbum de que sai - Rue de Paris - é bom, mas I'm a Believer é já outra coisa, um tiraço de génio saído de cabeças escocesas, com a voz na língua de Brian Wilson, Marvin Gaye ou Rickie Lee Jones, a alma de Billie Holiday, e a força dos melhores cosmopolitas de Paris, a cidade-luz, como os Saint Germain de Ludovic Navarre.

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Howe Gelb, agora com sons de 2006


Depois da tão recente menção que deixámos a um outro projecto de Howe Gelb, The Band of Blacky Ranchette, ei-lo de volta, agora com produção em nome próprio, editada em Maio de 2006 e por inspiração de uma marcante deslocação ao Canadá.

'Sno Angel Like You é um álbum de canções heterogéneo mas belo, num registo sempre próximo do som Country, com pitadas de Pop e frequentemente de Gospel (este por influência directa das performances canadianas), e deixando-nos a confirmação de que Howe é um daqueles autores do núcleo da melhor criação Pop norte-americana recente, que descobrimos demasiado tarde, uma década depois dos seus primeiros registos.

Fica para boa memória a nota de outros nomes sob que Howe Gelb tem vindo a editar, ambos ainda por descobrir: Giant Sand e Arizona and Amp the Alternator.
Desiderato urgente será então conhecê-los, atento o elevado agrado que Gelb nos tem legado, neste extraordinário ano de 2006.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

The Sopranos: sem palavras no fim de uma (super) série da vida real

apenas um link, para um flash de 2 minutos sobre Big T. e suas façanhas.


















terça-feira, 19 de setembro de 2006

Will Holland e os Quantic em 2006

Para Will Holland 2006 começou como outros haviam terminado e outros ainda começado, a editar, qualquer que fosse o nome sob que o fizesse.
Foram várias as compilações, quase todas do melhor memorialismo que este ano se fez. Chega agora o esforço criativo mais difícil, ir à luta com novidades.

Annoucement to Answer não é o melhor álbum de 2006, e provavelmente nem está ao nível do que Will editou.
É ainda assim um trabalho bom, a espaços muito bom, num registo de algum desequilíbrio mas de apurado bom gosto.
Optimistas, queremos deixar a expectativa que esta colecção de novidades de 2006 dos Quantic sirva pelo menos para provar que há actividade viva neste autor que é esteio da etiqueta Tru Thoughts (e fonte de inspiração para inúmeros projectos nascentes por todo o mundo), e que depois de uma boa onda como este An Annoucement to Answer virá provavelmente uma onda ainda maior.
Até porque não há mal algum em editar um disco apenas bom.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Carlos Paredes: um músico da humanidade


Neste espaço poucas vezes falámos da música feita em Portugal, e menos ainda de música que genuinamente possamos chamar de portuguesa.

Uma revisitação recente tornou em nós novamente urgente a todos recordar - uns três anos depois de pela primeira vez o fazermos, então ainda em sua vida - que este nosso país legou ao menos um grande para ficar entre os grandes compositores da memória musicológica da humanidade: Carlos Paredes.

Paredes não precisou senão de dois discos para o conseguir, os demais sendo parcela menos relevante para tal distinção.

Mas Guitarra Portuguesa e Movimento Perpétuo são obras-primas com escala universal, filhas criativas além disso de um génio da mais extrema humanidade, como só os verdadeiros génios conseguem ser.

Claro que houve também José Afonso, ou Amália, ainda há Sérgio Godinho, no futuro talvez até outros venhamos a consagrar como os nossos grandes. Agora, grande mesmo e não somente nosso mas definitivamente de todos por esse mundo só mesmo Carlos Paredes.

domingo, 17 de setembro de 2006

quando as memórias de uns são novidades vivas para tantos


A história recente da música está felizmente repleta de exemplos como o que hoje nos ocupa. Dizemos recente falando dos últimos, talvez, 25 anos, ou seja depois de 1980, altura em que os horizontes da edição Pop europeia e norte-americana verdadeiramente explodiram e se democratizaram.

Foi primeiro o tempo de Brian Eno e David Byrne à pesca em águas asiáticas e caribenhas, foram depois etiquetas inteira ou parcialmente dedicadas aos sons de áreas regionais antes menosprezadas (do Brasil à Bulgária), outras ainda aos sons de todo o mundo (Real World, de Peter Gabriel, Luaka Bop de Byrne, mais tarde).

E no entanto o que ia sucedendo ao descobrir-se novas referências, muitas vezes mescladas tristemente em contextos criativos que as não mereciam, foi perceber-se que desde pelo menos os anos 50 e 60 um pouco por todo o mundo se exprimiam poderosas culturas musicais, quantas vezes obnubiladas mesmo localmente pelo mimetismo dos mais variados e fugazes ícones do mundo Pop do momento.

Panama: Latin, Calypso and Funk on the Isthmus 1965-75 é uma edição de 2006, resultado da descoberta quase acidental que um jornalista e produtor norte-americano de S. Francisco, de origem costa-riquenha, Roberto Ernesto Gyemant, fez quando decidiu, em 2002, ir tomar um copo refrescante a uma pequena cidade fronteiriça panamiana, David.

Como diz hoje Roberto, com COOL começou e é COOL a palavra que finalmente melhor define a força tremenda da sua inesperadíssima descoberta. A descoberta de uma vida.

Como qualquer melómano que se preze, perguntou na esplanada de David onde poderia encontrar discos antigos, para ouvir ou comprar e foi de encontro a António, um homem calmo e pobre, amador de música e coleccionador de discos, mas sobretudo homem de um part time absolutamente singular: ocupava-se a fazer e vender compilações de músicas para crianças e trabalhadores, numa lógica que não pode deixar de nos lembrar a compilação que todos os dias fazemos, esta geração IPOD que muitos somos.

Depois, o caminho de 4 anos de Ernesto foi feito com a colaboração de vários, desde o António até a variadas estações de rádio, pejadas de discos antigos aos milhares. Em fase mais adiantada, a obra que agora nos conquistou beneficiou ainda na imersão quase antropológica nos meios musicais panamianos ainda sobreviventes desse tempo, ou no contacto com descendentes e amigos, muitas vezes eles mesmos músicos emigrados nos EUA, artistas à procura de um depois nunca encontrado sucesso na grande nação vizinha.

Em Panama: Latin, Calypso and Funk on the Isthmus 1965-75 ouviremos fundo de jazz, algum calypso e muito funk em registos que nos são familiares, mas também novas tipologias e novas catalogações dadas pelos próprios nos pequenos 45 rotações de então, como doo-woop calypso, funk tropical, soul boogaloo, guaracha soul, salsa bossanova ou funky soul. Ouviremos músicos e bandas inteiramente desconhecidos para todos nós e que registavam em disco não tanto para venderem mas sobretudo para, pela sua oferta, conseguirem contratos para festas de aniversário, casamentos e naturalmente para todos os inúmeros momentos festivos próprios de uma cultura de festa como a panamiana.

A experiência que tivemos na audição destas 15 canções, nenhuma antes editada fora do Panamá e quase nenhuma antes em CD mesmo no Panamá, foi assim como o conhecimento de sopetão daquela novidade da nossa própria infância que de repente alguém nos traz e que nós em absoluto desconheciamos. Inteira mas muito grata surpresa afinal.



Panama: Latin, Calypso and Funk on the Isthmus 1965-75 é finalmente talvez o melhor e mais agradável disco que nos foi dado ouvir dos lados da América latina de há muitos anos, por certo mais de uma década, e é um contributo mais para a percepção que vamos criando que só o euro-centrismo nos impede frequentemente de alcançar que, na música como na vida, muito de novo a memória tem sempre para nos revelar, numa espécie de trade off histórico, em que o comércio se faz agora em felicidade, mesmo que escondida pelo bolor de 30 a 40 anos em prateleiras às vezes húmidas e pobres, como as de António em David, uma cidade pequena do Panamá, micro-cosmos do nosso mundo.

sábado, 16 de setembro de 2006

esta noite, no Clube Mercado, com os Boozoo Bajou...dançou-se mesmo à séria

Tudo começou cedo, com músicas ambiente de muito boa escolha colocadas por Ricardo Manaia, o dj residente esta noite.


Por ter sido a nossa primeira vez na sala da rua das Taipas, surpreendeu-nos um espaço pensado apenas para se estar no bar, e daí ir directo para a pista de dança. Uma sala onde o som é apenas médio e o jogo de luzes relativamente pobre.


Ou seja, o Clube está absolutamente dependente do som que se lhe põe, sem outros argumentos de ambiente que compensem apostas frágeis.

Mas Peter e Florian foram ontem tudo menos frágeis, e uma vez chegados ao palco e aos pratos foi escutar um endiabrado desfile das canções que se percebe terem inspirado as suas mais recentes aventuras editoriais, sobretudo o álbum Dust My Broom, de 2005, numa vertigem sempre crescente, que nos levou dos blues ao hip hop, a algum soul de toada entre o médio e o pesado e muito funk, com paragens inesquecíveis pela Jamaica de Bob Marley (grande remix para Could You Be Loved) e pela Nova Zelândia de Fat Freddys Drop.


Foi um super espectáculo em registo de DJ Set, com sons por certo nunca antes ouvidos na noite de Lisboa, a prometerem grandes emoções para a audição - agora muito ansiada - da compilação Juke Joint II, lançada internacionalmente no passado mês de Julho mas ainda não disponível em Portugal.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Boozoo Bajou em Lisboa, amanhã à noite

O que vêm eles cá fazer? DJ Set ou laptop live act? Não sabemos. O facto é que a sua visita é estímulo suficiente para irmos ao renovado Clube Mercado, nós que nem o velho conheciamos.



Estes Boozoo serão os do fabuloso álbum Satta, os de 2005, do muito bom Dust My Broom, ou aqueles das remisturas de meio mundo, das compilações Juke Joint? Que interessa, se dos Bajou é tudo sempre tão superlativo?

Zona pois de sentido único, esta sexta-feira à noite, já amanhã, para escutar Peter Heider e Florian Seyberth on action.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Zero 7 em "The Garden": e o rótulo fica-lhes tão bem!


Por uma vez alguém acertou no rótulo, ao referir-se ao som dos Zero 7 em The Garden como electro soul. Estamos absolutamente de acordo.

O soul eléctrico destes dois senhores da Pop, Sam Hardaker e Henry Binns, deixara mossa desde o início, com o inesquecível Simple Things, estoiro magnífico de 2001, titubeando depois em When it Falls, de 2004. Como bem sabemos, nem os melhores são sempre perfeitos.
Mas com The Garden a história retoma todo o brilho, com a ajuda nas vozes e na construção das harmonias de Jose Gonzalez e da voz estrelar de sempre, de Sia Furler.

The Garden é sem dúvida também um risco, disco consensualista capaz de passar em qualquer registo das nossas rádios FM, em registo teen ou mesmo oldie. Mas não são as obras primas por vezes isso mesmo, disparos com impacto universal?

É então The Garden uma obra prima? Tendemos a pensar que sim, que esta é a terceira verdadeira obra prima de 2006 e que Throw it all Away é uma canção deveras imperdível.

sábado, 9 de setembro de 2006

A propósito dos Lambchop de Kurt Wagner em "Damaged"



O nosso caminho com Kurt Wagner e os Lambchop remete-nos para boas memórias, sobretudo para a memória de uma das lojas charneira da venda de discos alternativos, há mais de dez anos, em Lisboa: a Contraverso, ali no meio do Bairro Alto, bem perto de onde se situa hoje uma das suas filhas dilectas, a Ananana.

Foi na Contraverso que primeiro ouvimos falar dos Lambchop, (como já acontecera ser lá que anos antes melhor conhecêramos outro gosto muito nosso, os Microdisney) numa daquelas obrigatórias referências dos vendedores profilers.

Não recordo já o nome dela, da excepcional mulher que naqueles fins de tarde do Bairro Alto inundava as ondas com sons tão diversos e tão novos, ela mesma uma figura única, elegante e ruiva, fumadora compulsiva e um fantástico encanto em registo de sobriedade.
Lembro bem o sentido das suas palavras e depois a convicção com que fez rodar How I Quit Smoking.

Foi imediata a surpresa e instantâneo o encanto por esta música e por aquela voz muitas vezes quase mágica, a de Kurt. Á mulher de que falo devo a gratidão de me ter apresentado um verdadeiro amigo, ela hoje uma mulher sem nome e que jamais revi, depois do triste fim da Contraverso.
Quanto aos Lambchop ficou o vínculo e o prazer repetido múltiplas vezes, em inúmeras audições e em todas as suas novidades e notícias.

Nestes últimos anos Kurt Wagner viveu e derrotou a maior ameaça que pode haver, o espectro da morte.
Com Damaged, som já deste Verão de 2006, a serenidade da vida recuperada sente-se e Kurt está ao nível do seu melhor, grande como nos tempos de Is A Woman e a fazer lembrar que uma década depois de How I Quit Smoking nada do que houve foi por acaso.

Damaged é um disco com canções sobre a vida, palavras humildes e banais sobre os temores e as alegrias de quem ama, músicas e poemas cantados para nos ajudarem a perceber que viver é tão banal como maravilhoso.

escreve e canta Kurt em Short:

and our life hangs on a string
and today we start to learn just what that means
and somehow we're faced with the fact
that you won't ever get this back

Damaged é o disco da nossa semana, da nossa próxima semana. Com ele ouvimos novamente um amigo. E é mesmo bom ouvir os amigos.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

The Congos & Friends no ano das colecções de memórias


Em 2006 eis que chega mais uma bomba, novamente repescada das boas memórias mais longínquas da música, mas desta feita muito mais que isso.
Os Congos de Cedric Myton produziram uma só grande obra Pop e depois variadas outras entre o razoável e o bom, fenómeno característico de muitos dos melhores crâneos na criação cultural.


Heart of the Congos, essa grande obra de 1977, foi seminal, e dentro dela revelava-se uma canção de sublime encanto e elevadíssima vibração, Fisherman.

Fisherman Style é então um duplo álbum de 2006 em que Fisherman é a referência matriz, estilística e rítmica, utilizada repetidamente nos seus acordes e no refrão (a voz de Cedric em belíssimo falsete) para uma revisitação às demais canções dos Congos que são o seu sumo histórico, um super Best Of feito com convidados como Horace Andy, Big Youth, Gregory Isaacs, Sugar Minott, Lee Perry e tantos mais, todos para celebrarem uma das canções máximas da história Pop.
O resultado é uma confluência raramente vista de dub e reggae em estado de ouro puro, um desfile de vozes com alma de tal nível como só nas Antilhas alguma vez se pôde encontrar.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Lindstrom a sós


Fiel à Feedelity Records, mas já não ao também genial Prins Thomas, eis que se perfila o primeiro cd em nome próprio de Hans-Peter Lindstrom, de nome It's a Feedelity Affair e com edição prevista para 30 de Outubro.
Aí reune vários dos seus inúmeros títulos antes publicados em 12 polegadas, predominantemente originais seus e apenas aqueles lançados nesta etiqueta.

Fidelidade é também a palavra que nos define face ao melhor dos noruegueses que conhecemos, ansiando já pela que será provavelmente a melhor compilação de 2006 como também pelo seu retorno a palcos da nossa terra, esperando que desta vez a horas mais decentes e em formato de autêntica live performance.
Para quem a referência a Lindstrom diz ainda pouco deixamos dois links: uma para os iniciais I Feel Space e Roma E6 7825 (provavelmente o maxi da década, so far) e outro ainda para o fantástico álbum Lindstrom & Prins Thomas, tudo obras dadas a conhecer em 2005, a última, para o DIVERSUS, a melhor publicação do ano passado.

sábado, 2 de setembro de 2006

Livros de crime e mistério, por Robert Wilson e Arthur Conan Doyle


O detective Javier Falcón está de regresso, em português, com As Mãos Desaparecidas, editado já em fins de Agosto pela Dom Quixote.
Temos o livro na mão e os olhos já em fúria, na ânsia de de novo descortinar os certamente desconcertantes enredos criados por este notável inglês imigrado em Portugal que é Robert Wilson.


Por falar em inquirições criminológicas, verdadeiro clássico, ficção tão real, inglês como nenhum outro, foi mesmo Sherlock Holmes. Grande é por isso também o apetite para a nossa outra mão, em
que se encontra já Onze Aventuras de Sherlock Holmes, um livro de pequenas novelas de Arthur C. Doyle, agora mesmo trazido ao mercado pela Relógio D'Água.